O Deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou em sua conta oficial no Facebook que o Exército lhe confirmou em ofício a infiltração do capitão Willian Pina Botelha, que usava o codinome Balta, em manifestações realizadas por movimentos sociais durante as Olimpíadas. Balta foi detido antes de uma ação da Polícia Militar em um ato da Frente Povo Sem Medo em 4 de setembro, na Avenida Paulista.
A manifestação era contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff e Balta foi detido com um grupo no Centro Cultural Vergueiro, mas não foi levado à delegacia.
Segundo Ivan Valente, em resposta a requerimento enviado por ele, o Ministério da Defesa justificou a infiltração de Bala com “o decreto de Garantia da Lei e da Ordem para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos”, sendo necessário para a segurança da passagem da tocha pela capital, disse o Exército.
O Exército alegou que a infiltração ocorreu para “acompanhar possíveis ameaças” à passagem da tocha em São Paulo e que não houve ação conjunta com a PM. “Havia a preocupação de algum tipo de sabotagem no momento de passagem”, disse Ivan Valente.
O deputado destaca que “a Polícia Militar montou uma operação, que contou com forte mobilização de policial, inclusive um helicóptero, para interceptar e prender os jovens ativistas. Estava presente no mesmo grupo o capitão do Exército Willian Pina Botelho, infiltrado com o codinome de “Balta”. Ele foi o único não levado para a delegacia, o que levantou suspeita”.
Em seguida, movimentos sociais foram atrás de Balta e perceberam que participava em reuniões de movimentos há mais de um ano. “O infiltrado chegou a se inscrever num curso de comunicadores da Frente Povo Sem Medo, justamente para colher informações”, disse o deputado. Um professor da USP chegou a divulgar conversas que teve com Balta pelo Facebook, em que o capitão do Exército dizia que estava com problemas e negou ser policial.
Ivan Valente afirma que a infiltração é “um caso é muito grave. Uma atitude digna de regimes de exceção” e questiona a negativa de trabalho conjunto da PM com o Exército, já que o capitão não foi levado à delegacia. O Exército já havia confirmado anteriormente que realizava "operações de inteligência" nas manifestações.
“Então como explicar que de todos os presos somente o capitão não foi levado à delegacia ou mesmo a “coincidência” do infiltrado estar justamente no grupo preso? O que nos preocupa é saber que práticas ilegais e autoritárias estão em uso para combater movimentos sociais. Não podemos em hipótese alguma tolerar arbítrios como esse. A democracia não aceita agressões ao direito de manifestação”, disse o deputado em postagem no Facebook.
Nesta sexta-feira (23), o secretário de Segurança de São Paulo, Mágino Alves, negou trabalho conjunto entre os militares e os policiais na manifestação durante a passagem da tocha. O governador Geraldo Alckmin já tinha negado também conhecimento da participação do capitão infiltrado na manifestação.
“Não tínhamos nenhuma operação em conjunto com o Exército. Nós não sabíamos que havia agente do Exército infiltrado ou monitorando ou acompanhando a manifestação. Ele foi dispensado porque ele não fazia parte exatamente do mesmo grupo. Ele não tinha mesmo perfil daqueles manifestantes. O Exército está esclarecendo. Nós não tínhamos e não temos nenhuma operação desse tipo com o Exército”, afirmou o secretário.
Fonte: G1