O diretor da Galvão Engenharia Erton Medeiros Fonseca, um dos 23 presos na nova etapa da Operação Lava Jato, afirmou em depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira (17), em Curitiba, ter pago propina ao esquema de corrupção que atuava na Petrobras, informou ao G1 o advogado Pedro Henrique Xavier, responsável pela defesa do executivo.
Segundo relato do criminalista, seu cliente disse aos delegados federais que pagou o suborno sob ameaça do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010. Xavier, no entanto, não detalhou para qual diretoria da petroleira a propina era paga.
Ainda de acordo com o advogado, Erton Fonseca afirmou à PF que José Janene, à época líder da bancada do PP, ameaçou que se ele não pagasse a propina, a Galvão Engenharia seria prejudicada em contratos que mantinha com a Petrobras. Janene chegou a ser um dos réus do processo do mensalão do PT no Supremo Tribunal Federal, mas não chegou a ser condenado porque morreu antes do julgamento.
Em nota enviada ao G1, a assessoria do Partido Progressista disse que o partido "não tem conhecimento oficial do teor dos depoimentos, mas está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações."
Em depoimento à Justiça Federal do Paraná em outubro, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa revelou que o esquema de corrupção na estatal beneficiava as diretorias da empresa que eram comandadas por PT, PMDB e PP. Conforme o ex-dirigente, que fez acordo de delação premiada com a Justiça e está preso em casa no Rio de Janeiro, parte da propina paga a sua diretoria era repassada ao Partido Progressista.
O diretor da Galvão Engenharia, contou o criminalista, disse à Polícia Federal que aceita fazer uma acareação com Paulo Roberto Costa e com o doleiro Alberto Youssef, apontado como um dos líderes do esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propinas que atuava na estatal do petróleo. Preso na capital paranaense desde março, Youssef também negocia um acordo de delação premiada.
Apesar de ter admitido o pagamento de suborno a executivos da Petrobras, Erton Medeiros Fonseca negou no depoimento desta segunda-feira que tenha participado da formação de um cartel com outras empresas do setor de infraestrutura, relatou seu advogado.
A Polícia Federal começou a ouvir os depoimentos dos presos na sétima fase da Operação Lava Jato no último sábado (15). Segundo a assessoria da corporação, e a expectativa é que esta fase da investigação seja concluída ainda nesta terça, dia em que se encerra a prisão temporária de 17 suspeitos. Conforme advogados que estiveram na Superintedência da PF em Curitiba, ao menos cinco presos devem prestar depoimentos ao longo do dia.
Lava Jato
A operação investiga um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões e provocou desvio de recursos da Petrobras, segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Na primeira fase da operação, deflagrada em março deste ano, foram presos, entre outras pessoas, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
A nova fase da operação policial teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras que somam R$ 59 bilhões. Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF e da Polícia Federal. Ao todo, foram expedidos, nesta sétima etapa, 85 mandados em municípios do Paraná, de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Pernambuco e do Distrito Federal.
Conforme balanço divulgado pela PF, além das 23 prisões, foram cumpridos 49 mandados de busca e apreensão. Também foram expedidos nove mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é obrigada a ir à polícia prestar depoimento), mas os policiais conseguiram cumprir seis.
G1