O laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) de Isabele Guimarães Ramos, 14, apontou que os peritos não estão realizando exames residuográficos – que detectam pólvora nas mãos de quem disparou uma arma. De acordo com o próprio órgão, o exame não é mais realizado há pelo menos três meses.
No laudo, consta que a coleta do exame residuográfico não foi realizada. “A Direção Geral da POLITEC, que informa sobre a paralisação definitiva dos exames residuograficos oferecidos até então pela Gerencia de Perícias em Química Forense – Diretoria Metropolitana de Laboratório Forense, o perito não procedeu coleta de material residuográfico para eventuais exames”, diz trecho.
Por meio de nota, a assessoria da Politec informou que no ano passado realizaram uma reunião, em conjunto com a Policía Civil e Militar, sobre a paralisação dos exames residuográficos. Foi acordada a suspensão do serviço.
“Assim, o Conselho de Política Científica e Tecnológica da Politec aprovou a paralisação do exame tendo em vista que a metodologia não apresentava padrões mínimos de qualidade exigidos pelas normas técnicas”, diz trecho.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais Criminais do Estado de Mato Grosso (Sindpeco), Antonio Machado Magalhães, a realização desse exame é muito antiga e obsoleta. Inclusive, a ciência já comprovou que o exame residuográfico pode apresentar resultados falsos positivos. Ou seja, é um teste não confiável.
“Esse exame pode, inclusive, detectar resíduo de pólvora na mão de alguém que não atirou. O exame era feito e não conseguíamos ter certeza quando dava positivo ou negativo, não tem confiabilidade. A metodologia é ruim, é sabidamente como ruim no mundo inteiro”, explica.
Sobre a não realização do exame, no caso da adolescente de 14 anos que atirou em Isabele Guimarães, o perito não pode afirmar se compromete ou não a investigação. “Mas o exame pode inocentar um culpado ou culpar um inocente”, relata sobre a imprecisão do residuográfico.
Em depoimento à Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), a menor afirmou que efetuou o disparo na amiga, com a Imbel 38. Logo após a tragédia, ela também demonstrou para o delegado Olímpio da Cunha, antes a frente da investigação, como segurou as armas e o case, quando a arma atirou em Isabele.