Foto: Marcus Mesquita/MidiaNews
Com Valquiria Castil
O ex-vereador de Cuiabá, João Emanuel, afirmou que está sendo usado como “peça publicitária” para a campanha da juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, que, segundo ele, teria pretensões políticas.
Réu na ação penal derivada da Operação Castelo de Areia, deflagrada pela Polícia Civil no ano passado, João Emanuel está preso no Centro de Custódia da Capital (CCC) desde setembro de 2016.
Na tarde desta terça-feira (14), o ex-parlamentar foi interrogado pela magistrada durante audiência referente a ação, em que é acusado de participar de uma série de golpes que teriam sido praticados por meio da Soy Group, em Mato Grosso.
De acordo com João Emanuel, a acusação de que teria planejado encomendar a morte da magistrada com o Comando Vermelho foi uma mentira que teria sido contada pelo empresário Walter Dias Magalhães Júnior, presidente do Grupo Soy e considerado líder do esquema.
“Toda essa falácia em relação a morte da juíza faz parte de uma campanha política da magistrada. Acredito que sou uma peça publicitária da campanha política dela”, afirmou à imprensa, logo após ser interrogado e voltar para a prisão.
Durante a audiência, João Emanuel declarou que é inocente, uma vez que foi enganado pelo presidente do Grupo Soy. Ele afirmou que apenas prestou serviços para Walter Magalhães, não sabendo dos golpes que foram aplicados.
Relembre o caso
Deflagrada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e o Núcleo de Inteligência da Delegacia Regional de Cuiabá, unidades da Polícia Judiciária Civil, a operação Castelo de Areia levou a prisão de cinco membros de uma suposta organização criminosa que lucrou mais de R$ 50 milhões, por meio de crimes de estelionatos operados pela empresa Soy Group, com sedes em Cuiabá e Várzea Grande.
Em um dos golpes, uma vítima afirma que o vice-presidente da empresa Soy Group, o advogado João Emanuel, teria utilizado um falso chinês para convencê-lo em um suposto investimento com parceria com a China, fazendo com que o investidor emitisse 40 folhas de cheque, que juntas somam o valor de R$ 50 milhões. O ex-vereador fingiu ser intérprete e falar mandarim.
O Ministério Público ofereceu denúncia contra oito pessoas, por constituição de organização criminosa e estelionato.
Na ação, além de Emanuel, também são réus: o irmão do ex-vereador, o advogado Lázaro Roberto Moreira Lima; o pai dos dois, o juiz aposentado Irênio Lima; os empresários Walter Dias Magalhães Júnior, sua mulher Shirlei Aparecida Matsouka Arrabal, e Marcelo de Melo Costa; o contador Evandro José Goulart; e o comerciante Mauro Chen Guo Quin.
Emanuel desconversa que falava mandarim
Ao ser questionado sobre a declaração de uma vítima que apontou João Emanuel como o tradutor do chinês Mauro Chen Guo Quin, que se apresentava como dono de um banco estrangeiro, o ex-parlamentar negou falar mandarim.
“Eu falo fluentemente inglês e espanhol. Em Hong Kong, na China, a língua mais falada, além do mandarim, é o inglês. Então sempre quando ele comunicava comigo ele terminava as frases as vezes em português as vezes em inglês. Simplesmente eu falava ‘não, Mauro isso não é o que você tá querendo dizer”, explicou João.
No entanto, mais cedo, um ex-prestador de serviços do Grupo Soy, Silas Lima, disse em oitiva que o chinês falava bem, tanto inglês quanto português.
Em depoimento à juíza, João Emanuel também afirmou que não mentiu quando apresentou Mauro Chen Guo Quin como dono de um banco chinês e negou ter realizado qualquer viagem internacional em nome da empresa.
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