O ex-médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, no dia em que chegou a SP, após ser encontrado no Paraguai, em 2014 (Foto: WILLIAM VOLCOV/BRAZIL PHOTO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)
O ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a 181 anos de prisão por crimes sexuais contra 37 pacientes, deixou na noite de quinta-feira (22) o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, onde estava internado desde terça-feira (20), e voltou para a penitenciária em Tremembé, interior do estado, onde cumpre a pena. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).
Abdelmassih, que tem 73 anos de idade, havia sido internado no hospital por determinação judicial porque os médicos suspeitam que ele estivesse com entupimento das coronárias. Procurado, o hospital confirmou que ele ficou internado "por motivos de saúde e por autorização judicial".
Enquanto esteve internado, o ex-geneticista Abdelmassih ficou sob escolta policial. Procurado, o Oswaldo Cruz informou que "informações adicionais sobre o paciente só poderão ser concedidas mediante autorização da Justiça".
Novas denúncias
Em junho deste ano, o G1 revelou que Abdelmassih foi indiciado pela Polícia Civil de São Paulo por estupro e manipulação genética irregular contra mais 37 pacientes. Em agosto, o Ministério Público (MP) denunciou o ex-médico de 72 anos somente por atentado violento ao pudor contra uma dessas vítimas. Também foi pedida à Justiça sua prisão preventiva por esse crime, cometido em 2008.
Histórico
As primeiras denúncias de abusos sexuais contra Abdelmassih começaram em 2008. Um ano depois, ele foi indiciado, em junho, por estupro e atentado violento ao pudor. O médico chegou a ficar preso de 17 de agosto a 24 de dezembro de 2009, mas recebeu do Supremo Tribunal Federal (STF) o direito de responder ao processo em liberdade.
A denúncia do Ministério Público à Justiça apontou que o médico tinha estuprado 39 pacientes. Ao todo, as vítimas acusaram o médico de ter cometido 56 estupros.
Em 23 de novembro de 2010, a Justiça o condenou a 278 anos de reclusão. Foram considerados 48 ataques a 37 vítimas entre 1995 e 2008. Abdelmassih não foi preso logo após ter sido condenado porque um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) dava a ele o direito de responder solto.
O habeas corpus foi revogado pela Justiça em janeiro de 2011, quando ex-médico tentou renovar seu passaporte, o que sugeria a possibilidade de que ele tentaria sair do Brasil. Como a prisão foi decretada e ele deixou de se apresentar, passou a ser procurado pela polícia.
Em 24 de maio de 2011, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) cassou o registro profissional de médico de Abdelmassih.
Após três anos foragido, quando chegou a ser considerado o criminoso mais procurado de São Paulo, Abdelmassih foi preso no Paraguai pela Polícia Federal (PF), em 19 de agosto de 2014. Em outubro daquele ano, a pena dele foi reduzida para 181 anos, 11 meses e 12 dias, por decisão judicial. Entretanto, pela lei brasileira, nenhuma pessoa pode ficar presa por mais de 30 anos.
Segundo policiais, Abdelmassih também é investigado em outro inquérito por crime de sonegação fiscal.
Fonte: G1