O ex-líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Dilmar Dal Bosco (DEM) disse, nesta terça (4), que pecha de eleitoreiro dada pelo governador Pedro Taques à Operação Catarata, deflagrada pelo Ministério Público do Estado (MPE), visa desvirtuar o foco da investigação, que aponta irregularidades em 50 mil cirurgias oculares na Caravana da Transformação. O democrata afirma não vê motivo para a interferência do órgão nas eleições e nem declínio de suas atividades investigativas.
“O governo quer justificar o injustificável. Dizer que a operação é eleitoreira é querer dizer que o Ministério Público tem interesse nas eleições e pelo que eu saiba ninguém do Ministério Público está disputando as eleições”, disse.
O governador Pedro Taques e o secretário Luiz Soares (Saúde) disseram que a investigação tem motivos eleitoreiros. Taques atribuiu a pecha à operação com a justificativa de ter convidado o Ministério Público, desde 2016, para participar da fiscalização da Caravana, mas o órgão teria declinado do convite.
“Nas 14 edições da Caravana da Transformação nós chamamos o Ministério Público para fiscalizar nossas ações; todos os documentos foram auditoras e nenhum erro foi identificado. Agora, a trinta dias da eleição, lançam uma operação para investigar a Caravana? Eu me orgulho da Caravana da Transformação, não vou parar com o programa”, disse ele em debate entre candidatos ao governo, na TV Cuiabá, na noite desta segunda (3).
Luiz Soares fez declaração semelhante ao ser ouvido pela imprensa durante cumprimento de mandato de busca e apreensão da SES na manhã de ontem. “São 70 mil pessoas atendidas no estado de Mato Grosso, gente que estava perdendo a visão, e essas pessoas são gratas. Isso é um contrato antigo de 2016, que rodou esse tempo todo sem nenhuma visão de denúncia, mas em época de eleição acontece todo tipo de denúncia, e acho que deva mesmo ser investigado”.
De acordo com o coordenador do Núcleo de Defesa do Patrimônio Público, promotor de Justiça Mauro Zaque, o objetivo da operação é apurar “fatos graves na execução do contrato da Caravana da Transformação no tocante aos serviços de oftalmologia”. Os mandados de busca e apreensão foram deferidos pela juíza Célia Vidotti em ação cautelar proposta pelo MPMT.
