Empresas subcontratadas pelo Consórcio VLT Cuiabá – Várzea Grande, que pertenciam a um mesmo grupo, fizeram parte de um esquema de lavagem de dinheiro destinado a suposta cobertura de empréstimo contraído no Banco Rural atendendo pedido de Silval Barbosa (PMDB) sob a alegação de que o dinheiro seria para quitar dívida de sua campanha eleitoral de 2010. A propina acertada foi de 3%, o que representou R$ 18 milhões em favor do ex-governador.
O esquema resultou na deflagração da Operação Descarilho na manhã desta quarta-feira (9) com a condução coercitiva do ex-secretário da Secopa, Maurício Guimarães à sede da Superintendência da Polícia Federal em Cuiabá-MT.
Para o MPF, o esquema com as empreiteiras aponta a responsabilidade de Silval Barbosa, de Maurício de Souza Guimarães e dos empresários Marco Antônio Cassou, Arnaldo Manoel Antunes e João Carlos Simoni, proprietários das empresas subcontratadas, pelos crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Os envolvidos teriam se utilizado respectivamente da estrutura empresarial do Consórcio VLT Cuiabá – Várzea Grande; Cohabita Construções Ltda; C R Almeida S.A. Engenharia de Obras e Santa Bárbara Construções S/A para a prática dos crimes citados.
De acordo com depoimento do ex-governador, o esquema envolvia um o pagamento de 3% a título de "retorno" (propina) incidente sobre o valor projetado de serviços na ordem de R$ 600 milhões, o que resultou em um valor ilícito a ser recebido de R$ 18 milhões.
Tais pagamentos teriam sido acertados pelo próprio Silvai Barbosa e Maurício Guimarães diretamente com Arnaldo Manoel Antunes e Marco Antonio Cassou, respectivamente, diretor e presidente do Conselho Administrativo da empresa CR Almeida.
A operacionalização do recebimento de tais valores teria ocorrido via a utilização da empresa pertencente a João Carlos Simoni. Além de prestar serviços ao CR Almeida, a empresa de João Carlos Simoni receberia também os "retornos". Referidos valores seriam utilizados para quitar uma dívida da campanha de 2010 contraída em nome da também empresa de João Carlos Simoni (Todeschini Ltda), perante o Banco Rural.
No entanto, conforme relatório do MPF, a empresa Todeschini Ltda não possuía aporte suficiente de funcionário para operar quaisquer obras supostamente realizadas no ano em que foi contraído o empréstimo. Tanto que no período de 2005 a 2013 a empresa não teve mais do que nove empregados, sendo que de 2012 a 2013 a empresa apresentava tão somente quatro empregados. Ademais, extrai-se ainda do depoimento de Robison Todeschini sérias dúvidas sobre a capacidade operacional e financeira da empesa Todeschini de obter o referido empréstimo
Ressalta o MPF de que embora o empréstimo junto ao Banco Rural tenha sido tomado pela empresa Todeschini, o repasse pelo Consórcio CR Almeida pelas obras do VLT no valor de R$ 16.216.489,44, teria sido efetuado para a empresa Cohabita.
Isso porque Todeschini Construções Ltda, Constil Construções Ltda e Cohabita Construções Ltda pertencem ao mesmo grupo empresarial, sendo que a constituição societária é formada por pessoas interligadas por laços familiares.
Tal fato autorizou a busca e apreensão não só na sede da Cohabita Construções Ltda, bem como nas residências dos principais sócios do grupo empresarial, no caso, nas residências de João Carlos Simoni (vinculado à empresa Todeschini Construções Ltda) e Bruno Simoni (vinculado à empresa Cohabita Construções Ltda).
A sede da empresa Cohabita Construções Ltda, por ausência de movimento, bem como por não ter placa indicativa da sua existência e funcionamento aponta para a inatividade da empresa, fatos esses constatados pelos agentes policiais.
Ademais, mesmo possuindo um capital social da ordem de R$ 10 milhões a empresa tem por endereço de sua sede o endereço residencial de João Carlos Simoni, e onde também funcionariam as empresas S2 Participações e Guaná Construtora, sem qualquer identificação visual sobre a existência de tais empresa.
Operação Descarrilho
A Polícia Federal iniciou a manhã desta quarta-feira (9) cumprindo mandados de busca e apreensão e condução coercitiva deferidos judicialmente em investigação conduzida pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal.
As investigações ora em curso, visam apurar supostos ilícitos criminais praticados, em tese, por ocasião da licitação, contratação, aquisições de bens e execução de obras e serviços relacionados à implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) pelo Estado de Mato Grosso, entre os anos de 2012 e 2014.
A Operação Descarrilho apura os crimes de fraude a procedimento licitatório, associação criminosa, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de capitais.
A investigação aponta a existência de acertos de propina com representantes de empresas integrantes do Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande e desvio de recursos por intermédio de empresas subcontratadas pelo consórcio. O valor desviado ainda está sendo levantado.
Dos 18 mandados judiciais de busca apreensão e condução coercitiva, 11 estão sendo cumpridos em Cuiabá-MT e um na cidade metropolitana de Várzea Grande. Outros seis são cumpridos em Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), Petrópolis e São Paulo (SP).
O inquérito policial tramita perante à Justiça Federal – 7ª Vara da Seção Judiciária de Mato Grosso.
Nota Oficial
Com o objetivo de esclarecer fatos importantes, uma das maiores fabricantes de móveis planejados da América Latina, a Todeschini S.A., com sede na cidade de Bento Gonçalves – RS, informa que não tem nenhum tipo de relação ou ligação, nem mesmo seus sócios, com a empresa de nome homônimo Todeschini Construções e Terraplanagem Ltda., que está sendo alvo de investigação da Polícia Federal na Operação Descarrilhos.
A Todeschini S.A., empresa com 78 anos de existência, se orgulha de ter uma trajetória consolidada com base forte no trabalho desenvolvido com transparência, no pioneirismo, na solidez, na confiança e na credibilidade. Por tanto, reforça seu apoio a qualquer ação que guie o Brasil para um futuro mais ético, honesto e justo para os brasileiros.
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