Em um dos momentos mais emotivos do depoimento, ex-governador aconselha presidente da Câmara dos Vereadores, Justino Malheiros (PV), a não ser corrupto. Silval se dirigiu ao presidente da Casa Legislativa de Cuiabá, e aconselha o mesmo a não fazer nada de errado durante seu mandato de vereador e presidente da Casa de Leis.
“Eu acabei com a minha vida, então não faça nada de errado. Eu gostaria que vocês se debruçassem em cima dessa delação, pois nela está a vida que eu passei e relatei como ela foi. Assinei um termo, um compromisso, que daquilo que eu não lembrei, tenho que relatar os fatos aos que me questionarem”.
Ex-governador afirma que devolveu muito mais do que o acusam de ter roubado, e que parte do que desapareceu dos cofres públicos foi distribuido em propinas para outros políticos e agentes públicos de Mato Grosso.
"Do que eu fiz no governo, que fala de R$ 1 bilhão, que o “Silval teria se apropriado”, apropriei, porém eu devolvi muito mais e está aqui na minha delação. Leiam e vocês vão ver sobre os incentivos das obras da Copa, obras da Petrobrás, de mensalinho que acontece dentro da Assembleia Legislativa, sempre aconteceu. Só no meu governo era R$ 50 mil que eu passava dentro extra orçamentário, eu mandava R$ 15 milhões por ano. Cada deputado se beneficiava no mandato com R$ 2,4 milhões que recebia de mensalinho e que isso infelizmente eu cito que institucionalizava o governo atual. A verba indenizatória era de R$ 18 mil e deveria prestar contas, eu passava para os deputados R$ 50 mil de mensalinho e hoje foi institucionalizado desde 2015 e quem me falou foram os próprios deputados que afirmaram ter institucionalizado, incluíram os R$ 50 mil mais os R$ 15 mil, que somados R$ 68 mil, que não precisa prestar contas é três milhões cada mandato que cada um recebe sem ter que prestas contas. É a única assembleia no Brasil que não precisa prestar conta sobre o uso de dinheiro publico, isso pra mim é institucionalizar o mensalinho e eu tenho o dever de falar", diz.
Verba indenizatória faz ALMT ser a quinta mais cara do país
Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) tem a quinta maior verba indenizatória do país, com R$ 65 mil por deputado. Desde abril de 2015, quando foi aprovado um decreto para legalizar esse valor, estendeu o direito (no valor de R$ 6 mil) a oito categorias da Assembleia Legislativa. Esse dinheiro também não precisa ter seu gasto comprovado antes de ser recebido há três anos.
A verba é depositada diretamente na conta de cada um dos 24 parlamentares junto com o salário. Assim, nossos deputados recebem mais verba indenizatória (VI no jargão dos próprios) que estados com maiores índices de arrecadação, como Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Não há esclarecimento se o mesmo ocorre (sem a não necessidade de comprovação) no caso dos assessores e demais funcionários no usufruto do direito.
No meio das assembleias mais gastadoras, Mato Grosso é o único Estado com menos de 300 anos. Entre as campeãs de gasto está a do Rio de Janeiro (estado que esta hoje sob Intervenção Militar), seguida por São Paulo, Bahia e o caçula que nem Estado é, mas um Distrito Federal. Os dados constam de um relatório do extinto trabalho Excelências, da ONG Transparência Brasil.
A modificação do decreto 42 (que concedia o direito aos R$ 6 mil para secretários, consultor jurídico, consultor legislativo, controlador interno, procurador-geral, consultores dos núcleos das comissões, chefes de gabinete e gestores de gabinete), incluindo assessores jurídicos e assessores de imprensa “de gabinete”, jornalistas que assessoram diretamente a um deputado, está disponível para consulta no site da AL.
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