O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, preso em Curitiba, decolou no avião da Polícia Federal, do Aeroporto Internacional Afonso Pena, na Região Metropolitana, às 10h05 desta quarta-feira (17). Ele vai a Brasília onde deve prestar depoimento para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção na Petrobras. A operação de deslocamento de Costa começou às 8h, quando ele saiu da sede paranaense da Polícia Federal. A instituição, por motivos de segurança, não divulga detalhes da operação. Sabe-se que Costa viaja escoltado por policiais federais, que vão acompanhá-lo até o Senado. Ao final do processo, ele deve voltar para a cela em Curitiba.
Esta será a segunda vez que o ex-diretor vai depor aos parlamentares. Em junho, ele esteve no Senado, para depor em outra investigação parlamentar, essa conduzida apenas pelo Senado. Na ocasião, ele rechaçou as acusações de que uma "organização criminosa" teria se infiltrado na estatal do petróleo e que a empresa teria se tornado uma "casa de negócios".Desta vez, a expectativa é de que Costa tenha outra postura, já que fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. O ex-diretor com as investigações da Operação Lava Jato, que apura desvio de verbas públicas e lavagem de dinheiro. De acordo com a Polícia Federal, o esquema liderado pelo doleiro Alberto Youssef pode ter movimentado R$ 10 bilhões ilegalmente.
O depoimento de Paulo Roberto Costa está marcado para as 14h30. Os parlamentares que conduzem a CPMI da Petrobras acreditam que o depoimento será feito apenas aos deputados e senadores, que se comprometeram a não vazar as informações para a imprensa.O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), deverá iniciar a sessão de forma aberta. A expectativa, porém, é que Costa lance mão do seu direito constitucional de ficar em silêncio para não produzir provas contra si. Neste caso, os parlamentares deverão solicitar que a sessão seja secreta, a fim de estimular o delator a dar informações.
Delação premiada
A direção da CPI mista decidiu marcar o depoimento de Paulo Roberto Costa para esta quarta-feira depois que vieram à tona alguns detalhes do depoimento que o ex-diretor prestou ao Ministério Público Federal em um acordo de delação premiada. Na tentativa de reduzir sua pena, Costa denunciou como funcionava o esquema de corrupção na Petrobras.Segundo reportagem da revista "Veja", durante seus depoimentos aos procuradores da República, o ex-dirigente teria delatado que três governadores, seis senadores, um ministro e, pelo menos, 25 deputados federais foram beneficiados com pagamentos de propinas oriundas de contratos com fornecedores da estatal.
De acordo com a publicação, Costa citou, entre outros políticos, os nomes da governadora Roseana Sarney (Maranhão) e dos ex-governadores Sérgio Cabral (Rio) e Eduardo Campos (Pernambuco); do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; dos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR) e Ciro Nogueira (PP-PI); e dos deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Cândido Vacarezza (PT-SP), Mário Negromonte (PP-BA) e João Pizzolatti (PP-SC). Todos negaram envolvimento no esquema de corrupção.A reportagem de "Veja" não detalha o papel que cada um dos políticos mencionados por Costa teve na suposta fraude e não apresenta documentos. O texto diz que, pelo acordo firmado com o Ministério Público Federal, o ex-dirigente da petroleira teria se comprometido a detalhar o envolvimento de cada um dos políticos no esquema.
G1