O ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Eduardo Tagliaferro, afirmou nesta quarta-feira, 30, que fará uma revelação sobre o magistrado. “Destruiu a minha vida e a de várias pessoas, isso é pouco, logo eu estarei mostrando para o Brasil quem é Alexandre de Moraes, e os bastidores do seu gabinete”, disse em rede social.
Em entrevista à revista Timeline, o ex-assessor afirmou ter saído do Brasil e ido viver na Itália, onde poderia atuar para denunciar o ministro. Tagliaferro disse ter provas para denunciar a atuação de Moraes em seu gabinete. “Eu tenho bastante coisa”, disse.
Sem dar mais detalhes, Tagliaferro afirmou que “só entravam coisas de direita no gabinete e nada de esquerda”. “Isso me chamou muito a atenção.”
O STF foi procurado para comentar sobre as afirmações do ex-assessor e o Estadão aguarda retorno.
O ex-assessor pediu aos seguidores no Instagram que o apoiassem enviando doações em dinheiro. Tagliaferro divulgou sua chave Pix e pediu ajuda para “custear essa missão pela verdade”.
Tagliaffero foi nomeado por Moraes em agosto de 2022 para exercer o cargo de assessor-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, órgão que era submetido à presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O ex-assessor é formado em Engenharia Civil e Direito pela Universidade Paulista. Ele também é mestre em Inteligência Artificial pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).
O núcleo de inteligência havia sido criado por Moraes com o objetivo de alinhar procedimentos com as polícias militares dos Estados e discutir questões relacionadas à segurança preventiva durante as eleições.
Em abril deste ano, Tagliaferro foi indiciado pela Polícia Federal (PF) pelo vazamento de conversas de servidores dos gabinetes de Moraes no STF e no TSE. A PF imputa ao ex-assessor o crime de violação de sigilo funcional com dano à administração pública.
Na época, a defesa de Tagliaferro negou seu envolvimento no vazamento das conversas. “Meu cliente reitera, categoricamente, que não foi responsável pelo suposto vazamento. Esperamos que a Douta Procuradoria Geral da República possa verificar a fragilidade da investigação e não acolha as ilações contidas no relatório policial”, disse o advogado do perito.
No relatório final da investigação, encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, a Polícia Federal afirmou que mensagens obtidas no inquérito comprovam a “materialidade” do crime. O celular do perito foi apreendido durante o depoimento prestado por ele à PF em São Paulo, em agosto de 2024.
Prisão por violência doméstica
Tagliaffero foi exonerado do TSE em maio de 2023, após ser preso em flagrante em Caieiras, na Grande São Paulo, por violência doméstica.
A mulher do perito contou à polícia que o então assessor da Corte Eleitoral chegou em casa “alterado” e a ameaçou. Teve início uma discussão, em meio a qual Tagliaferro foi até seu quarto, pegou uma arma de fogo e disparou uma vez. Após o tiro, a mulher correu até a garagem com as filhas. O caso foi registrado como violência doméstica, disparo de arma de fogo e ameaça.