Ilustração mostra separação do módulo Schiparelli (centro) do TGO na órbita de Marte (Foto: ESA/D. Ducros via AP)
Europeus e russos conseguiram, no início da tarde desta quarta-feira (19), entrar na atmosfera de Marte, em uma operação para testar a capacidade do continente de aterrissar um módulo de maneira segura no planeta vermelho, 13 anos depois das desventuras do pequeno robô Beagle 2.
Os cientistas ainda estão monitorando o progresso do módulo Schiaparelli e aguardando a confirmação de que o pouso ocorreu como previsto.
De modo simultâneo, a sonda científica russo-europeia TGO foi colocada na órbita marciana, uma operação delicada que exige grande precisão.
Até hoje, apenas os americanos conseguiram pousar em Marte equipamentos que funcionaram em seguida.
A sonda e o módulo de pouso Schiaparelli constituem o primeiro episódio da ExoMars, uma ambiciosa missão científica entre Rússia e Europa, dividida em duas etapas (2016 e 2020) e que pretende buscar indícios de vida atual e passada em Marte.
O TGO (Trace Gas Orbiter) orbitará na atmosfera de Marte para detectar rastros de gases como o metano, que poderia indicar a presença de uma forma de vida atual no planeta.
"No momento tudo está bem para a sonda e para Schiaparelli, que atualmente hiberna para economizar energia", afirmou na terça-feira à noite à AFP o diretor do módulo de pouso, Thierry Blancquaert, que estava no Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC), em Darmstadt (Alemanha).
O clima no planeta vermelho não é excelente. "Há tempestades de poeira. Mas nada dramático. Não atrapalha. Não é inquietante", disse.
Segunda tentativa
Esta é a segunda vez que a Europa tenta conquistar Marte. Em 2003, a sonda Mars Express lançou o pequeno módulo Beagle 2, de concepção britânica, mas o robô nunca deu sinais de vida. Os cientistas sabem desde que 2015 que ele pousou, mas estava danificado.
Depois de uma viagem de sete meses, TGO e Schiaparelli se separaram no domingo. O módulo, com massa de 577 kg ao partir, segue agora para Marte.
O módulo de pouso é uma cápsula de 2,40 metros de diâmetro que se parece um pouco a uma piscina inflável para bebês.
O equipamento deve despertar pouco mais de uma hora e meia antes do pouso. Os captores começarão a registrar uma série de dados.
Depois serão registrados os seis "minutos de terror" como chamam os engenheiros. Schiaparelli deve frear, primeiro graças a um escudo térmico e depois com um paraquedas. No fim, nove retrofoguetes serão acionados.
Perto do solo, os motores serão desligados. Schiaparelli terá então velocidade nula e fará uma pequena queda livre de um ou dois metros.
O impacto final será amortecido por uma estrutura especial destinada a proteger a sonda.
Fonte: G1