Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) estão perto de fechar um acordo comercial que prevê tarifas de 15% sobre as importações europeias. A informação foi divulgada pelo jornal Financial Times nesta quarta-feira, 23.
O acordo, segundo a publicação, seria semelhante ao fechado pelos Estados Unidos com o Japão nesta semana. Bruxelas poderia concordar com os chamados impostos recíprocos para evitar a ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de aumentá-los para 30% a partir de 1º de agosto.
Tanto os EUA quando a UE isentariam tarifas sobre alguns produtos, incluindo aeronaves, bebidas alcoólicas e dispositivos médicos, segundo três pessoas a par das negociações disseram ao Financial Times.
Desde abril, os exportadores do bloco já pagam uma tarifa adicional de 10% sobre produtos enviados aos EUA. As exportações já eram submetidas a tarifas pré-existentes, de 4,8%, em média.
A União Europeia prepara um possível pacote de 93 bilhões de euros em tarifas retaliatórias, de até 30%, caso não chegue a um acordo até 1º de agosto, segundo informações do jornal.
Na terça-feira, 22, Trump anunciou ter fechado um acordo comercial com o Japão, no qual o país asiático pagará uma alíquota de 15%, ante os 25% impostos no começo de julho, e investirá – sob a “orientação” de Trump – US$ 550 bilhões nos Estados Unidos, que, conforme o presidente americano, receberão 90% dos lucros.
Nesta quarta, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou que o acordo com o Japão e a redução de tarifas recíprocas foram possíveis somente após os japoneses oferecerem um “mecanismo inovador de financiamento”.
Em entrevista à Bloomberg TV, Bessent disse que o novo sistema consistirá na provisão de ativos e fundos, formando um novo capital que será redirecionado para “indústrias específicas” para eliminar riscos nas cadeias de oferta.
“O Japão conseguiu tarifas de 15% por conta do mecanismo inovador. Mas a União Europeia (UE) ainda não teve nada inovador”, respondeu, ao ser questionado sobre a diferença nas negociações entre os parceiros comerciais.
Também nesta quarta, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a União Europeia trabalhará com o Japão “para combater a coerção econômica e abordar práticas comerciais desleais”. “Acreditamos na competitividade global e ela deve beneficiar a todos”, defendeu.
Na ocasião, a líder europeia apresentou a “Aliança para a Competitividade” entre Japão e UE, que prevê o aumento do comércio entre as partes, segurança econômica reforçada – com cadeias de suprimentos robustas de terras raras -, e trabalho acelerado em inovação, tecnologia limpa e digital. Ela também parabenizou o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, pelo acordo comercial entre Japão e Estados Unidos.
Antes, ao participar da 30ª Cúpula Japão-UE, ela afirmou que a parceria entre o país asiático e o bloco é “calma, resiliente e profundamente enraizada” e que são “amigos próximos e confiáveis”. “Compartilhamos valores: justiça, abertura e respeito às regras. E juntos, temos a escala não apenas para defender nossos interesses, mas também para moldar os resultados globais”, defendeu, ao mencionar que os japoneses e europeus representam um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
(Com Isabella Pugliese Vellani)