Foto: Beto Barata/PR
Em meio a mais uma forte crise política no País, o presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, deputado federal Nilson Leitão (PSDB) defendeu que o presidente Michel Temer (PMDB) renuncie seu cargo. Na noite desta quarta-feira (17), o jornal “O Globo” revelou o teor de parte da delação firmada por um dos donos da empresa JBS, Joesley Batista, à Procuradoria-Geral da República (PGR). O empresário, em março deste ano, gravou o presidente dando aval para comprar o silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Em pronunciamento na tarde desta quinta-feira (18), no entanto, Temer afirmou que não vai renunciar ao cargo e que não agiu para comprar o silêncio de Cunha.
De acordo com o tucano, – que foi um dos principais defensores do governo Temer, após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) -, caso as gravações de Temer se confirmem, não há outra saída se não o abandono do cargo.
“Eu sou defensor da renúncia do presidente Temer. Confirmando [as gravações] tem que haver a renúncia. Reiniciar tudo de novo e um novo presidente assumir”, afirmou Leitão à reportagem do Circuito Mato Grosso.
O parlamentar considerou ainda que o correto será a realização de eleições indiretas para a Presidência, sob responsábilidade do Supremo Tribunal Federal (STF). Nas eleições indeiretas, caso haja a renúncia ou o impeachment do presidente Temer, não há participação popular. Quem vota neste caso são os deputados e senadores.
“De acordo com a linha sucessória e com a Constituição, neste momento teria que assumir o presidente do STF [ministra Cármen Lúcia] e convocar as eleições, porque ela teria credibilidade de fazer isso sem a desconfiança do eleitor”, pontuou.
Mesmo não tendo tirado oficialmente o apoio ao partido do PMDB, Leitão afirmou que já há alguns defensores do afastamento entre os partidos, inclusive da sigla tucana.
“Na verdade não há nada oficial em relação a isso. Estamos esperando as provas materiais de tudo o que foi divulgado. Mas, a opinião nossa é desembarcar, os ministros saírem do Governo e aguardar até que saiam todas as provas”, disse.
“Política mata a economia”
Para Leitão a impopularidade de Temer, por diversas vezes anunciadas em pesquisas do Ibope, se deve as propostas de reformas que trouxeram controvérsias a população, entre elas a reforma da Previdência e Trabalhista.
“Agora o Brasil parou, desligou o motor neste momento. O Brasil está estagnado, caindo todas as ações da Petrobras, da bolsa de valores. A economia sente o impacto quando a política vai mal. A política está matando a economia. É um momento de dificuldade e muita preocupação para todos”, declarou o parlamentar.
Contudo, o deputado federal vê com pesar o impacto deste novo escândalo político, uma vez que o País demonstrava um “aceno de melhoria” na economia.
“É importante que todos os atores desta crise tenham a compreensão do seu papel. O Brasil não pode pagar o preço por conta de uma ou duas pessoas que estão incluídas em qualquer tipo de escândalo. O País estava tendo um crescimento modesto, mas vinha recuperando o que tinha perdido nos últimos anos e de repente uma bomba dessas”, lamentou Leitão.
Ex-aliado
Antes de tamanho escândalo, Leitão era um dos parlamentares que mais demonstravam confiança ao governo de Temer, que assumiu o poder no ano passado. O PSDB era um dos partidos da base aliada do Governo, ocupando ministérios como o de Relações Exteriores.
Durante a posse dos ministros do peemedebista, em maio do ano passado, Leitão declarou que o País respirava “a esperança que tinha perdido”. Além disso ele afirmou que Temer era um presidente que deveria ser a voz e a esperança de um novo Brasil.
“É o que nós queremos. Ele já inicia isso reduzindo os ministérios, anunciando a ordem no país, anunciando respeito entre os poderes e anunciando, acima de tudo, uma programação política para o país de desenvolvimento. É isso que traz a credibilidade, incentiva os investidores e vai gerar emprego. É isso que vai acabar com esse caos e essa crise que nós estamos vivendo”, completou o parlamentar.
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