Opinião

EU E O CONGO

Da África, conheço Dakar, capital do Senegal, na costa Atlântica, em águas onde a pouca distância está a ilha Gorée, transformada pelos europeus em entreposto do comércio de escravos. Mas, a História, a Etnografia, a Literatura, a Filatelia e o cinema trouxeram até a mim o Congo Belga, hoje República Democrática do Congo. 

Tudo começou em 1997 quando li o livro infantil “O rei e o menino índio”, de  Cláudio e Orlando Villas-Bôas. A história trata da visita do rei Leopoldo III ao Xingu e de sua amizade com o menino Acanai. Em busca de marfim e borracha, o rei Leopoldo II explorou os congoleses sob a ordem escravagista e genocida (1895 a 1908). 

Depois, assisti ao curta-metragem “Um rei no Xingu”, de Helena Tassara, que apresenta imagens das atrocidades do rei contra os negros. Nessa época, li “O sonho do celta”, de Mário Vargas Llosa que mesclou realidade e ficção para contar o holocausto no Congo durante o domínio do rei Leopoldo II. A história do rei Leopoldo III no Xingu e sua impactante frase “Se tivesse conhecido o Xingu antes, a Bélgica não teria perdido o Congo” levou-me a escrever artigos acadêmicos. 

Julho trouxe “A lenda de Tarzan”, versão que retomou o Congo Belga como cenário da trama que relembra a brutalidade da Bélgica na África. Em agosto, na organização da Exposição “Mês do Selo”, promovida pelos Correios, Museu Histórico de Mato Grosso e Clube Filatélico, Numismático e Afins de Cuiabá, ao entrevistar Rúben Fábio Ferreira, descubro que seu interesse pela filatelia nasceu na Ilha da Madeira, numa troca de cartas entre sua mãe e sua tia, à época morando no Congo.

A Folha de São Paulo noticiou algumas histórias inimagináveis de vida dos atletas da equipe de refugiados dos Jogos Olímpicos. Dos dez refugiados, oito são da África, dois deles, os judocas Yolande Bukasa Mabika e Popole Misenga, da República Democrática do Congo.  

Diante de tantas histórias pelas quais vêm passando os congoleses, Yolande e Popole são símbolos de esperança. Ao acenar ao mundo com seus talentos, comprovam que todos podem construir um mundo melhor.

Anna Maria Ribeiro Costa

About Author

Anna é doutora em História, etnógrafa e filatelista e semanalmente escreve a coluna Terra Brasilis no Circuito Mato Grosso.

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