Novas usinas de etanol de milho em Mato Grosso, semelhantes a uma unidade inaugurada nesta sexta-feira no principal Estado produtor de grãos do Brasil, teriam efeitos semelhantes às políticas para sustentação de preços do cereal aplicadas pelo governo, na medida em que geram nova demanda, afirmou o ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
Ao lado do presidente Michel Temer, Maggi participou nesta sexta-feira da inauguração da primeira usina de etanol exclusivamente de milho do Brasil, em Lucas do Rio Verde (MT), com capacidade de processamento de 600 mil toneladas do cereal por ano, para produção de até 240 milhões de litros do biocombustível.
"Se tivermos dez plantas iguais a essa, vamos tirar 6 milhões de toneladas do mercado, é praticamente o que o governo ajuda todos os anos", afirmou o ministro durante discurso na cerimônia de inauguração, referindo-se ao volume que o governo tem apoiado com os mecanismos de sustentação de preços.
Neste ano, o governo já apoiou com os leilões de prêmio (PEP e Pepro) para subvenção ao transporte de milho cerca de 7,5 milhões de toneladas do grão brasileiro, sendo a maior parte para o Mato Grosso, diante da safra recorde.
O Ministério da Agricultura anunciou em abril aportes de 800 milhões de reais para sustentar os preços do milho, principalmente de Mato Grosso, em programas que estão em desenvolvimento, como os leilões de prêmio.
Entretanto, com a produção abundante e alguns problemas como déficit de armazenagem, os preços pagos aos agricultores seguem enfraquecidos no Brasil.
Se a grande oferta enfraquece os preços do cereal, ela favorece a competitividade do etanol de milho, em um país que tradicionalmente sempre produziu o biocombustível a partir da cana, historicamente considerada uma matéria-prima mais competitiva.
Com uma demanda adicional gerada pela produção de etanol de milho no Estado, o governo poderia reduzir gastos com programas de garantia do preço mínimo, indicou Maggi.
Joint venture entre a Fiagril Participações e a gestora norte-americana Summit Agricultural Group, a unidade de etanol de milho da FS Bioenergia recebeu investimento de 450 milhões de reais e deverá aproveitar a grande produção do cereal em Mato Grosso.
Além da produção de etanol, a unidade ainda terá potencial para produzir anualmente até 186 mil toneladas de farelo de milho (DDG), sendo 125 mil toneladas de farelo com alto teor de fibra e 61 mil toneladas de farelo com alto teor de proteína.
Essa produção de farelo para alimentação animal também foi destacada pelo ministro, como fator de agregação de valor à produção agrícola local.
Exportação de etanol
Durante a cerimônia, o presidente da FS Bioenergia, Henrique Ubrig, indicou que o projeto de etanol de milho –que segue os padrões dos Estados Unidos (os maiores produtores)– pode levar o produto para mercados fora do Mato Grosso, como o Norte/Nordeste brasileiro, à medida que novas unidades possam ser implementadas.
"Seremos uma opção de encurtar o caminho… saindo de Lucas do Rio Verde para esses mercados que vêm sendo atendidos pelo etanol norte-americano", afirmou ele, acrescentando que talvez dezenas de unidades do gênero sejam implantadas no Brasil.
Ele disse ainda que está sendo organizada uma associação do setor para fomentar a produção do biocombustível de milho.