Quando os animais invertebrados evoluíram do mar para a terra, foram necessárias algumas mudanças drásticas, já que seus ancestrais marinhos não tinham necessidade de órgãos sexuais externos. Agora, um novo estudo revela as mudanças genéticas que permitiram que animais terrestres desenvolvessem órgãos sexuais.
A pesquisa divulgada na publicação científica "Nature" sugere que a chave da origem dos órgãos genitais estaria nos membros – pelo menos em cobras e lagartos. Nesses casos, para que as genitálias (chamadas de hemipenes) se desenvolvam, um centro de sinalização instrui que os genes relevantes sejam ligados.
Inicialmente, os pesquisadores queriam entender por que as cobras não desenvolvem membros, mas logo descobriram que os primeiros estágios do desenvolvimento genital se assemelhavam à formação dos membros.
Eles descobriram que, com um "empurrãozinho", células embrionárias de membros de lagartos e cobras poderiam ser transformadas em órgãos genitais. Em ratos, células da cauda poderiam ser manipuladas de forma semelhante.
A equipe fez isso movendo a posição de "uma fonte de sinalização" chamada de cloaca – uma estrutura embrionária transitória que emite moléculas de sinalização para "ligar ou desligar" genes.
"Isso demonstra que há uma flexibilidade sobre o tipo de célula que pode ser recrutada durante o desenvolvimento para formar a genitália", disse Patrick Tschopp, da Faculdade de Medicina de Harvard (EUA), autor da pesquisa.
"O que nós fomos capazes de mostrar é que se você transplantar essa cloaca em células de membros ou da cauda, essas células respondem de uma forma que reflete o seu desenvolvimento sendo redirecionado para um destino genital. Em outras palavras, ao extraviar um sinal molecular, você pode desviar essas células em sua trajetória de desenvolvimento."
A fim de mudar os destinos dessas células, os pesquisadores traçaram as populações de células que formam os órgãos genitais durante o desenvolvimento.
Recrutando células
Eles, então, analisaram os componentes genéticos das células embrionárias para identificar quais genes foram ativados e desativados extraindo e sequenciando moléculas de RNA, os mensageiros de cada gene.
O estudo também constatou que em ratos, os órgãos sexuais tinham origens genéticas na cauda. Segundo os pesquisadores, isso ocorreu devido a uma posição diferente da cloaca que alterou as células que poderia "recrutar" para formar a genitália.
Tschopp explicou que a evolução genital foi outra medida de adaptação vital para a vida na terra, semelhante à forma como os membros têm uma origem evolutiva nas nadadeiras.
G1