Não é nenhum segredo que, se pai e a mãe de uma pessoa são altos, ela provavelmente também vai ser alta. Mas a plena compreensão da genética que define a altura de uma pessoa tem sido um grande desafio para os cientistas.
Neste domingo (5), foi publicado o maior estudo já feito sobre o assunto, com análise de dados de genoma de mais de 250 mil pessoas que levou à identificação de cerca de 700 variantes genéticas e mais de 400 regiões do genoma relacionadas com a altura.
Estima-se que a genética corresponda por 80% da definição de se uma pessoa será alta ou baixa. Nutrição e outros fatores ambientais respondem pelos 20% restantes. Os ser humano tem se tornado mais alto nas últimos gerações por causa de fatores externos como a melhoria da nutrição.
"Estudamos a altura por duas razões principais," disse o Dr. Joel Hirschhorn, geneticista e endocrinologista pediátrico do Hospital Infantil de Boston e do Instituto Broad do Massachusetts Institute of Technology e da Universidade de Harvard.
"Há mais de 100 anos, ela tem sido um grande modelo para estudar a genética de doenças como obesidade, diabetes, asma, que também são causadas pela influência de vários genes que atuam juntos. Então, a compreensão de como a genética da altura funciona pode ajudar a entender como a genética de doenças humanas funciona", disse ele.
Além disso, a baixa estatura na infância é um grande problema clínico para endocrinologistas pediátricos. Conhecer os genes relacionados à altura e as suas variantes pode ajudar os médicos a diagnosticar as crianças que têm uma única causa subjacente principal para a estatura baixa.
A equipe internacional de pesquisadores analisou dados de genomas de 253.288 pessoas de ascendência européia, todos da Europa, América do Norte e Austrália. Eles percorreram cerca de 2 milhões de variantes genéticas comuns nestes indivíduos e identificaram 697 genes variantes em 424 regiões do DNA comos relacionados à altura.
Muitos genes salientados no estudo, publicado na revista "Nature Genetics", são, provavelmente, importantes reguladores de crescimento do esqueleto, mas não eram conhecidos anteriormente para serem envolvidos, disseram os pesquisadores.
Alguns estavam relacionadas com o colágeno, um componente do osso, outros ao componente da cartilagem chamado sulfato de condroitina, além de alguns ligados à área de crescimento de tecido perto das extremidades dos ossos longos do corpo.
Os pesquisadores disseram que há muito mais a aprender. "Encontramos as variantes genéticas – os pedaços de DNA que variam de pessoa para pessoa – que respondem por 20% do componente genético para variação normal na altura", disse o geneticista Timothy Frayling, da Universidade de Exeter, no Reino Unido.
"Isso se compara a uma situação em 2007, quando não sabíamos absolutamente nada sobre os genes e regiões do genoma humano envolvido em diferenças de altura normal, apesar altura toda a gente saber é muito fortemente genético."
Um estudo anterior da mesma equipe, de 2010, envolveu um número menor de pessoas e identificou 199 variantes genéticas que se situam em 180 regiões do genoma.
G1