A perda auditiva é mais uma sequela do vírus da zika em bebês com microcefalia, de acordo com estudo divulgado na terça-feira, 31. A pesquisa foi feita em Pernambuco, com 70 bebês nascidos com a má-formação de mães infectadas com o vírus. Quase 6% do total apresenta alterações na audição.
O levantamento, feito por cientistas do Hospital Agamenon Magalhães (no Recife) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), foi publicado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). A conexão entre o zika e as diversas lesões cerebrais, oculares e ortopédicas já havia sido confirmada por alguns estudos, menos rigorosos, que já sugeriam que havia uma associação entre a infecção pelo vírus e a surdez, mas ainda não havia confirmação, de acordo com a primeira autora do artigo, Mariana Leal, professora da UFPE e gerente do serviço de otorrinolaringologia do hospital estadual.
"O que há de novo no estudo é que todas essas 70 crianças tiveram a infecção por zika realmente confirmada, tanto por critério clínico como por exames laboratoriais. Cinco dos bebês apresentaram infecção congênita por zika e perda auditiva", disse ela ao jornal O Estado de S. Paulo.
Segundo Mariana, a proporção das crianças com o problema é alta, em comparação com a prevalência da perda auditiva na população geral. "A perda auditiva acontece em no máximo dois bebês em cada 1 mil nascidos vivos. A diferença é alta. Por isso recomendamos que a infecção congênita por zika deve ser incluída entre os fatores de risco para a perda auditiva."
A professora explica ainda que o hospital estadual onde foi feita a pesquisa tem o serviço de referência para os bebês com microcefalia na capital.
"Todas as crianças classificadas com microcefalia são encaminhadas para lá. Havíamos avaliado 150 bebês, mas consideramos apenas os 70 que tiveram confirmação de zika pelos exames laboratoriais."
Cingapura
Autoridades de Cingapura divulgaram na terça-feira, 31, que o número de casos de zika locais já chega a 82. Com a confirmação dos casos na cidade, autoridades de países vizinhos – Austrália, Taiwan, Indonésia e Coreia do Sul – também anunciaram que estão intensificando as medidas de proteção contra o mosquito Aedes aegypti. Os países recomendaram que mulheres grávidas, com ou sem sintomas, façam testes gratuitos para a zika.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.