O Literativa é uma iniciativa literária promovido pelo movimento social Favelativa, que tem sua sede no bairro Jardim Vitória, periferia da capital. E chega ao CRC através do Projeto Literativa, que envolve ações de promoção do livro e da leitura, sendo uma delas o “Carrinho do Saber”, que nada mais é do que um veículo de pequeno porte adaptado para levar livros. Na biblioteca ambulante, já são mais 300 títulos. O carrinho, que já circulou muito pelo Jardim Vitória, de casa em casa, foi reformado. Agora, vai circular pelos corredores da penitenciária. Basta escolher o livro e emprestar sem custos, a ideia é a troca solidária.
Antes disso, haverá oficinas e palestras, com a hora do conto e conte sua história, que culminará com um concurso de redação. Aliás, histórias nas penitenciárias é o que não falta, porque todos ali viveram muitas experiências, na finalização terá a Gincana do saber com lançamento de livros de escritores e escritoras regionais e a socialização com brincadeiras utilizando a linguagem do hip hop.
As escritoras renomadas que farão parte desta iniciativa trarão suas próprias histórias para somar com o projeto. Uma delas é Luciene de Carvalho, autora do livro “Insânia”. O livro não é exatamente de poesias. Traz uma série de poemas, mas também tem outros textos como cartas que trocou com a psiquiatra Renée Figueiredo, que a acompanha há quase nove anos.
Luciene fez perguntas e apresentou impressões sobre o tema e a profissional respondeu. "Escrevi quatro cartas tratando das questões da loucura como patrimônio imaterial da humanidade, da loucura de todos nós. Mesmo que ela se manifeste em mim, ela é uma questão da humanidade". Outra escritora parceira é Eliete Borges, autora do livro “Nem pés e mil Cabeças”, que reúne uma coletânea de grandes fragmentos que escrevo desde 2001.
“Assim como tudo que escrevo este é um livro autobiográfico. (…) Crio muito por desdobramentos e encavalamentos, o que em suma, exige um olhar de estranheza, um olhar que faça aquilo mesmo que você já fez outra coisa, um ‘ser outro’, Absolutamente Outro” – diz trecho do livro.
O movimento Favelativa acredita que as pessoas podem de fato se refazer, o que não é uma tarefa fácil. “Mas o conhecimento é um caminho para isso, porque só o saber leva à verdadeira libertação”, reforça o coordenador do Favelativa, DJ Taba. Segundo ele, uma penitenciária é um local apropriado para levar o Favelativa, já que a maioria ou quase a totalidade dos detentos vieram das favelas, são pretos e são pobres.
Os estudantes que vão participar do projeto Literativa estão matriculados na escola estadual Nova Chance, que funciona dentro do CRC e acolhe o projeto com muito entusiasmo. A escola está para mudar de nome, vai se chamar Nelson Mandela. O líder africano também ficou preso 27 anos e a biografia dele mostra que só a força interior e a sabedoria o mantiveram de pé.
Da Assessoria