No auditório da Associação, dentro do Campus, estavam presentes universitários feridos na ação, professores da faculdade e representantes da sociedade civil.
Bruna Matos, que cursa engenharia agrônoma, foi uma das feridas. O fato de ser mulher não impediu que a repressão policial vitimasse a moça, que teve um osso da mão fraturado na ação.“Estou com a mão e parte do braço enfaixado, mas só uma cirurgia pode me curar. O Estado fez isso comigo e agora ele vai ter que consertar”, afirmou ela.
De acordo com Caiubi Kuhn, estudante ferido por bala de borracha, o protesto ocorria pacificamente, na Av. Fernando Corrêa, logo após deixar o interior da universidade. Os alunos estavam reunidos para questionar a decisão da reitora Maria Lúcia Cavalli Neder, de acabar com algumas unidades da Moradia Estudantil – alojamentos concedido a alunos de baixa renda, de fora do município de Cuiabá.
“Estou com mais de vinte feridas de balas de borracha. Mas não aceitaremos redução dos benefícios. Estamos lutando não só pelos que não tem para onde ir, mas a todos os ingressantes futuros da UFMT”.
Membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MT) disseram na coletiva que a instituição se solidariza com a luta dos estudantes e repudiou o ocorrido. Além dos alunos, advogados presentes na manifestação também foram levados pela polícia e outros, que tentaram garantir os direitos dos universitários, foram impedidos de entrar na delegacia, o que é ilegal.
Na mesma linha, Valkiria de Carvalho, representante da Comissão Estadual de Direitos Humanos, disse que o órgão tem acompanhado de perto os desdobramentos do ocorrido, e que prestará todo apoio necessário ao corpo estudantil.
“Não podemos deixar este assunto morrer. Coloco a disposição não só a Comissão Estadual, mas também a Federal e a Internacional. Mantemos contatos com eles e todos já estão cientes”, disse ela.
A Polícia Militar divulgou nota afirmando que atendeu um pedido da reitoria, que “solicitou providências” sobre a manifestação. Apesar de admitir o uso de munição não letal, a corporação justificou dizendo que agiu de forma “legal” e “proporcional”, e acusou os manifestantes de terem “atitude e ações agressivas contra a guarnição da PM, como o arremesso de pedras e restos de obras”.
Argumento rechaçado pelos universitários presentes na coletiva da ADUFMAT, que disseram de maneira unânime que “nossa única arma foram as faixas e cartazes de protesto que levamos para a rua”.
A UFMT também se manifestou sobre o caso. Em nota, a reitoria disse que “repudia, com veemência, todos os atos de violência ali praticados, considerando o direito de manifestação em um país democrático”, informando também que “Ao tomar conhecimento do ocorrido a reitora entrou em contato com o governador Silval Barbosa, para solicitar rigor nas apurações”.
Por Diego Frederici / Da Redação
Foto: Pedro Alves