Inclusive o Cepromat publicou o aviso de licitação no Diário Oficial do dia 25 de outubro de 2013 para contratação da empresa, o que significa que o edital já estava totalmente pronto (Edital de Pregão Presencial nº 010/2013) sem que antes a terceirização fosse discutida com a sociedade por meio de audiência pública. Tanto que o edital foi cancelado no dia 31 de outubro e a audiência foi realizada cinco dias depois, nesta terça-feira (5 de novembro).
A licitação da ‘superempresa de TI’ deverá ocorrer nas próximas semanas, congregando serviços das mais diversas áreas tecnológicas, colocadas num único lote, e terá contrato de 60 meses para suprir as demandas do Estado. Esse prazo leva o próximo governo a ficar completamente refém e engessado na área durante todo o mandato, mesmo que a ganhadora do certame apresente alguma deficiência técnica.
E apesar de o projeto contemplar vários segmentos distintos da tecnologia da informação, a contratação será feita pela modalidade de pregão presencial que permite que as propostas sejam apresentadas em apenas oito dias uteis, ou seja, não permitindo que grandes grupos, inclusive nacionais, tenham tempo hábil para analisar e participar da disputa.
Questionado se não seria mais produtivo dividir os segmentos objetos de licitação em lotes, uma vez que, ao canalizar a licitação, corre-se o risco de ganhar empresa que tem deficiência em uma das áreas e com maior preço, o presidente do Cepromat, Wilson Teixeira, descartou essa possibilidade afirmando que haverá, no mínimo, oito empresas participando do certame. Edital com aspectos semelhantes foi o da aquisição de assentos para a Arena Pantanal que aglutinou tantos itens e exigências que a empresa vencedora foi a que apresentava um dos maiores preços.
Dentinho tentou explicou a trapalhada de publicar edital de licitação antes de promover audiência pública prevista em lei: “Humildade é a melhor palavra para vencer e assumo que errei; vamos atrasar o processo em 15 ou 20 dias, mas o importante é colocá-lo em discussão”. No final da explanação, o presidente mudou o discurso e declarou que a licitação vai ocorrer provavelmente em dezembro, e ainda arrematou: “Nem sei se usaremos essa tecnologia, pois nessa área tudo muda do dia pra noite”.
E misturando a postura técnica de presidente do Cepromat com o fervor da defesa partidária de Silval Barbosa, completou: “Se Deus quiser, vamos ganhar o próximo governo porque deixaremos o Estado com tecnologia de último tipo”.
O diretor técnico da Stelmat, Sandro Enrico Araújo, um dos fornecedores do governo na área tecnológica, é pessimista quanto à implantação do MT Digital: “Hoje, a rede dos órgãos estatais não suporta a implantação”. O empresário esclarece que “embora o sistema atual tenha algumas facilidades, as condições técnicas da rede são sofríveis”, sentenciou.