Esquiva Falcão estava preparado para enfrentar Gerardo Ibarra. No ano passado, já havia visto o irmão Yamaguchi derrotá-lo por pontos. O americano, no entanto, impediu que o confronto desta sexta-feira se realizasse. Ao não embarcar rumo a Fresno, na Califórnia, obrigou os organizadores a buscarem um novo adversário para o brasileiro cerca de 48h antes do evento. O portorriquenho Luis Hernandez, dono de um cartel com 15 vitórias e duas derrotas, aceitou o desafio e estará no ringue. Para Esquiva, não muda muito coisa. O nocaute segue sendo objetivo, agora com a motivação extra de homenagear as vítimas do acidente com o avião da Chapecoense. O SporTV transmite o duelo, ao vivo, a partir das 23h55 (de Brasília) desta sexta-feira.
– Faço minha última luta em 2016 e espero fechar a temporada com mais um nocaute. A vitória, se Deus quiser, vou dedicar às famílias e envolvidos na tragédia com a delegação da Chapecoense. Fiquei muito triste pelo ocorrido e vou entrar no ringue para homenagear a todos – disse o boxeador.
A preparação tem sido dura, com treinos de cinco a seis horas, três por semana, intercalados com momentos de descanso, caminhadas e passeios de bicicleta pelos parques da cidade americana.
– Estou muito bem preparado, mais experiente e maduro. Esta pode ser a minha melhor luta. Se eu conseguir colocar 10% do que eu treinei, acho que esta luta está no papo. Estou treinando bastante e me sinto confiante. Meu objetivo é ser campeão mundial. Me dedico bastante a isto e no final eu vou sair com o cinturão – declarou.
O que Esquiva mais sente falta em Las Vegas é de uma boa feijoada. Apesar de ter ido a uma churrascaria e conhecido um restaurante mexicano com arroz e feijão, ao lado do baiano Robson Conceição, o pugilista capixaba diz que nada se compara ao Brasil.
Enquanto não mata a saudade de seu prato predileto, o irmão mais velho de Yamaguchi prefere manter a mesma receita, afinal, em time que está ganhando, não se mexe. Preparado física e mentalmente, ele não abre mão do macarrão e um cardápio à base de carboidratos depois da pesagem. Na hora de subir aos ringues, nada de rituais malucos, apenas uma oração para que tudo corra conforme o planejado.
– O que eu mais sinto falta morando aqui é a comida. Já comi em restaurante brasileiro, mas o gosto não é o mesmo. Na semana que o Robson esteve aqui, fomos ao mexicano comer arroz e feijão, que não é a mesma coisa também, mas é bem parecido. Comi a semana toda arroz e feijão (risos). A primeira coisa que vou comer no Brasil será feijoada. Antes das lutas, eu gosto de comer sempre a mesma coisa: macarrão. Gosto de ir para o vestiário tranquilo, ouvir uma música para relaxar, de louvor e hinos. E uma cosia que sempre faço é orar, para me proteger e não ter nenhum machucado grave. E para Deus dar a vitória a quem mereça, a quem mais treinou.
Esquiva construiu a maior parte de sua carreira como amador no Brasil. Após a prata olímpica, o capixaba optou por tornar-se profissional e hoje tem como principal objetivo o cinturão pelos médios (até 72,5 kg). O retrospecto conta a favor. O capixaba venceu todas as lutas que disputou e em apenas três levou a decisão para os pontos. Desde que tornou-se profissional, Esquiva conta que precisou mudar a sua forma de lutar.
– No boxe olímpico, eu usava muitos golpes para marcar pontos. No profissional, eu procuro mais o nocaute, tentar encaixar o golpe com mais força, no lugar certo. Eu errava muito golpe no amador, o que faz cansar um pouco, e hoje eu aposto nos golpes certos – explicou o boxeador.
Depois do confronto desta sexta-feira, o capixaba aguarda a definição de sua primeira luta no Brasil, que deverá ocorrer no dia 12 de março. O embate pode acontecer em São Paulo, no Rio de Janeiro ou no Espírito Santo, sua terra natal.
– Estou muito ansioso para lutar em casa. Espero que seja no meu estado, mas lutar no Brasil será um sonho, não importa aonde – finalizou.
Fonte: Globo Esporte