O ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa, delator da Lava Jato, afirmou e, depoimento que uma dívida da campanha à reeleição do ex-presidente Lula (PT) foi paga com dinheiro do esquema de corrupção na estatal.
As afirmações do ex-gerente da Petrobras foram publicadas nesta quarta-feira (21) pelo jornal “Valor Econômico”. O Jornal Nacional também teve acesso à delação, que é sigilosa.
No depoimento prestado ao Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba, Musa afirmou que soube pela primeira vez da dívida da campanha de 2006 com o Banco Schain pelo ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Segundo Musa, a informação foi confirmada por Fernando Schain, um dos donos do grupo.
Ainda conforme Musa, Fernando Schain disse para ele que o empréstimo de R$ 60 milhões foi intermediado pelo pecuarista José Carlos Bumlai, que é amigo pessoal de Lula.
Eduardo Musa afirmou que para quitar a dívida, o governo entregou sem licitação o contrato de operação no navio-sonda Vitória 10 mil à Construtora Schain. Aos procuradores, Musa disse que a ordem “veio de cima”, e por isso imaginou que tivesse sido comandada por José Sérgio Gabrielli, então presidente da estatal.
A contratação da sonda, segundo Musa, não necessária, porque a Petrobras sabia que os poços a serem explorados por ela, na África, estavam secos. Ainda assim, ele relatou que apresentou à Diretoria Executiva a contratação como “um bom negócio”.
O contrato com a Schain foi assinado em 2007, e Musa afirmou que trabalhou diretamente no negócio – em troca, disse que recebeu propina de US$ 720 mil no exterior. Ele já é réu na Operação Lava Jato e responde na Justiça por corrupção.
O presidente do PT, Rui Falcão, disse que a dívida nunca existiu, e que a delação é uma mentira divulgada para comprometer o partido. Segundo Falcão, o PT jamais delegou a arrecadação de fundos de campanha, e todas as doações foram legais e declaradas à Justiça Eleitoral.
O advogado de José Carlos Bumlai disse que o cliente contraiu um empréstimo no Banco Schain e pagou com doação de bens, sem qualquer tipo de favorecimento.
A defesa do Grupo Schain informou que a empresa era, na época, a única no país com condições de operar a sonda Vitória 10 mil.
A advogada de Nestor Cerveró não quis comentar o caso.
Fonte: G1