Neste domingo (23), o Fantástico voltou a abordar o escândalo dos grampos no Governo de Mato Grosso. A reportagem mostrou suposta “mordomia” para militares presos por suspeita de envolvimento nas escutadas e também da possibilidade de fraude no sistema de protocolo do Palácio Paiaguás.
As escutas ilegais denominadas ‘barriga de aluguel' ocorreram em 2014 e 2015 e teriam motivação política, segundo denúncia do promotor Mauro Zaque à Procuradoria Geral da República (PGR) em janeiro deste ano.
Na reportagem do Fantástico, Zaque voltou a afirmar que apresentou um relatório para o governador Pedro Taques (PSDB) detalhando o sistema de escuta ilegal. "Fiz uma apresentação em Power Point, mostrando todo esse esquema, e levei isso ao conhecimento dele", afirmou o promotor, o que teria ocorrido quando o promotor era secretário de Estado de Segurança de Taques.
O protocolo de número 542635/2015 teria sido fraudado e no lugar do ofício protocolado por Mauro Zaque. No sistema de protocolo, sob este número e com a mesma data, consta como cadastrado um documento da Câmara de Vereadores de Juara tendo como destinatária a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística.
Segundo o Fantástico, a denúncia originalmente protocolada ficou quaro horas no gabinete do governador. Em seguida à fraude no registro, o ofício desapareceu e foi substituído.
O governador Pedro Taques afirmou que jamais recebeu a denúncia que Mauro Zaque acabou encaminhando para a PGR. A suspeita do MP é que o governador tenha sido o mandante dos grampos. Ele nega e afirma confiar nos militares acusados e presos na operação.
Antes da denúncia dos grampos vir a público, o então chefe da Casa Civil, Paulo Taques pediu exoneração do cargo. Em nota, o Gabinete de Comunicação do Governo do Estado justificou que a saída de Paulo Taques seria para atuar em defesa do primo e governador Pedro Taques e antecipou que seria sobre a questão de escutas ilegais. Isto antes da denúncia de Mauro Zaque explodir.
Na reportagem do Fantástico, Tatiana Sangalli, que seria ex-amante de Paulo Taques, afirmou, sem mostrar o rosto, que foi grampeada por ciúme. “Ele queria saber onde eu andava, o que fazia, com quem ficava. A máquina do Governo que podia ser usada para investigar criminosos, foi usada para grampear pessoas normais”, disse ela.
Taques já disse, no entanto, que a inclusão de Tatiana numa lista de suspeitos a serem grampeados foi com o objetivo de investigar a denúncia de um suposto complô para assassinar o governador Pedro Taques.
A reportagem deste domingo ainda registrou que a cúpula da Casa Militar está presa em celas especiais, com direito a geladeira, ar condicionado e televisão de tela plana. Mostrou as celas do secretário da Casa Militar, coronel Evandro Ferraz Lesco, do ajunto, coronel Ronelson Barros, e ainda do ex-comandante da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa.
O outro lado
O secretário de Comunicação Kleber Lima afirmou que o governo também quer saber quem fraudou o protocolo da denúncia que Mauro Zaque encaminhou para conhecimento do governador. “Quem se beneficiou é quem fraudou e não foi o Governo, porque o governo tem todo interesse em esclarecer as investigações”, disse Lima.
O Governo do Estado apura as responsabilidades de servidores públicos no caso por meio de um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD).