Política

Escutas apontam tráfico de influência de Silval no Poder Judiciário

Foto: Mary Juruna / Arquivo CMT

Escutas telefônicas obtidas e divulgadas pelo Ministério Público Estadual (MPE MT) apontam que o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) teria articulado com o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) Marcos Machado a saída de sua esposa, Roseli Barbosa, da prisão. A ex-primeira dama do Estado foi presa no dia 20 de agosto durante a operação Ouro de Tolo. Ela teve o pedido de soltura acatado uma semana depois, por determinação do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Reynaldo Soares da Fonseca.

As interceptações são do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) com autorização judicial e foram divulgadas na noite desta quarta-feira (16) pela TV Centro América.

As gravações mostram, entre outros, diálogos feitos no dia seguinte à prisão de Roseli Barbosa. Na primeira ligação, Silval conversa com um de seus advogados e cobra providências para obter a soltura de sua esposa.

Depois, no mesmo dia, o ex-governador recebe uma ligação de um telefone celular que consta da lista dos aparelhos funcionais do TJMT. Conforme a lista, o número é utilizado pelo desembargador Marcos Machado, que foi indicado para o cargo em 2011 pelo ex-governador durante sua gestão.

Na conversa, o interlocutor de Silval Barbosa afirma que está “aguardando o caso”, coloca-se à disposição caso ele precise de um “diálogo” e para “contribuir com alguma posição”. O ex-governador agradece e eles encerram a ligação.

Num telefonema seguinte, o interlocutor do ex-governador afirma que está ligando apenas para “lhe dar um retorno”, dizendo que “não foi o ideal”. O ex-governador tenta dispensar a conversa dizendo que retorna em seguida, mas o interlocutor insiste no recado de que “não foi o ideal”, dando a entender, segundo o MP, que alguma coisa não transcorreu da forma planejada, e ambos se despedem.

De acordo com o MP, os diálogos ocorreram nos dias em que Silval e seus advogados tentavam obter no TJMT uma decisão pela soltura da ex-primeira-dama, presa sob acusação de comandar um esquema de desvio de dinheiro público da Secretaria estadual de Trabalho e Assistência Social (Setas), da qual foi titular durante a gestão do marido.

O pedido de soltura da ex-primeira-dama acabou tendo como relator o desembargador Rondon Bassil, que o negou. 

Outro lado

A reportagem da Centro América ainda informou que ligou para o aparelho interceptado nas ligações com peemedebista. Quem atendeu foi o desembargador Marcos Machado, que negou qualquer traço de tráfico de influência nos diálogos mantidos com o ex-governador.

Segundo Machado, ele mantém relacionamento pessoal com o ex-governador. O próprio magistrado lembrou que foi indicado para o cargo por Silval Barbosa (anteriormente, ele era promotor de Justiça) e classificou como uma “ofensa” o questionamento a respeito de eventual tráfico de influência.

O presidente do TJMT, desembargador Paulo da Cunha, estava em viagem e até o momento ainda não se pronunciou sobre o caso.

Redação

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