Amarok vendida no Brasil possui motor diesel com dispositivo que burla teste de emissões de poluentes (Foto: Caio Kenji/G1)
A Volkswagen confirmou nesta quarta-feira (21) que a picape Amarok, modelos 2011 e alguns 2012, vendidos no Brasil estão envolvidos na fraude para otimizar os resultados de emissões de poluentes.
Segundo comunicado, 17.057 unidades rodando nas ruas brasileiras terão um novo software da unidade de comando do motor a partir do primeiro trimestre de 2016. A atualização ainda está em desenvolvimento na Alemanha.
A montadora já admitiu que 11 milhões de veículos do grupo estão equipados com o dispositivo que burla os testes de emissão, soltando na atmosfera mais poluentes do que os níveis exigidos nos Estados Unidos.
"Tecnicamente, a aplicação desse software não afeta a segurança nem a funcionalidade do veículo", afirmou a Volkswagen do Brasil em nota.
Por este motivo, conforme a legislação brasileira, a empresa não é forçada a convocar um recall – obrigatório apenas quando afeta a segurança ou a saúde dos consumidores.
A Amarok é produzida na Argentina, com motor diesel 2.0 do tipo EA189, desenvolvido e produzido na Alemanha. É o único modelo vendido no Brasil com o propulsor.
"Todos os demais produtos da marca oferecidos no mercado brasileiro, equipados com motorização a gasolina ou Total Flex, estão de acordo com os níveis da legislação de emissões", afirmou a Volkswagen.
A fabricante enviará cartas aos proprietários dos veículos afetados a partir do primeiro trimestre de 2016. Quem tiver dúvidas pode consultar a central de relacionamento com Clientes pelo telefone 0800 019 5775.
Unidades afetadas no Brasil (numeração de chassis não sequencial):
Amarok 2011 – BA000257 até BA000338
Amarok 2011 – B8000200 até B8082605
Amarok 2012 – CA001950 até CA026145
Como surgiu a denúncia
Segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA) norte-americana, 482 mil veículos com motores a diesel vendidos no país violaram os padrões federais, entre eles os modelos Jetta, Beetle (chamado de Fusca no Brasil), Golf, Passat e o Audi A3 –da marca que pertence ao grupo Volkswagen. Eles foram fabricados entre 2009 e 2015.
A desconfiança partiu da diferença entre níveis de emissão encontrados em testes de rodagem e os oficiais. Após investigar, a EPA concluiu que um software instalado pela montadora detecta quando o carro está sendo inspecionado para verificar o nível de emissão de poluentes e só então passa a controlar os gases que o veículo solta na atmosfera.
Esse controle fica desligado em situações normais de rodagem, fazendo com que os carros poluam muito além do nível exigido no país.
A montadora reservou 6,5 bilhões de euros (cerca de R$ 29 bilhões) para solucionar o problema e enfrentar as potenciais consequências do escândalo, como multas. O valor corresponde a cerca de metade do lucro global previsto para este ano.
Fonte: G1