Embora hoje o preconceito e a falta de conhecimento façam com que as pessoas liguem o uso de ervas no dia a dia diretamente a cultos afro-religiosos, faz-se importante lembrar que, na verdade, as ervas sempre foram utilizadas pelas religiões e sociedades espiritualistas do passado como fontes imensuráveis de energias.
O lidar com as ervas não é algo fácil nem simples, na verdade até o pode ser para alguns quando esses não conhecem a fundo os mistérios da energia herbária. Para se ter uma ideia da complexidade do uso das ervas podemos adiantar que, em se tratando de sua colheita, deve-se observar o dia da semana, o horário, a fase lunar, a limpeza física de quem a colhe, o estado do local onde a planta está fixada, a cor da roupa que se utiliza, o instrumento utilizado e o planeta a que erva pertence (isso é essencial para se proceder quanto à forma e parte da erva a ser colhida). Depois de colhida, limpa, a erva será direcionada para seu uso; nesse momento, se ela for pega para ser usada em banhos, seu preparo dependerá da parte colhida, sendo que folhas poderão ser maceradas, pétalas de rosas e frutos poderão ser abafados, cascas e raízes deverão ser fervidos e por aí vai.
A complexidade do uso das ervas é tão latente que em várias tradições o plantio, a colheita e o preparo se tornaram rituais que carregam consigo até mesmo o sacerdócio específico, exemplo disso é a tradição religiosa africana em que a divindade das ervas se chama Ossayn, os Sacerdotes das ervas, Babalossãe e o Ritual das ervas, Sassanha. Não é diferente em várias tradições indígenas e orientais que seguem o mesmo padrão de ação, mas, afinal de contas, por que essas tradições compuseram formas tão complexas de lidar com ervas? A resposta é muito simples: as ervas são verdadeiras esponjas absorvedoras de energias locais e planetárias. Elas podem ser comparadas tranquilamente a baterias que depois de carregadas servem para fazer instrumentos funcionarem. Se nos aprofundarmos no estudo da botânica, entenderemos que se trata de um complexo sistema de absorção e armazenamento de energia solar, lunar, e planetária (a depender de sua composição e especificidade) que se encontram prontas para serem utilizadas por qualquer um que o deseje. É por isso que, conscientes desse profundo mistério, os antigos a utilizavam amplamente, desde curas a refeições, e tinham fé em seu uso por conta das situações vencidas com elas.
O homem do século XXI já se encontra afastado do conhecimento natural por conta da própria modernidade que, paulatinamente, o transforma em moderno afastando-o de sua compreensão natural, no entanto, conhecendo ou não os pormenores do uso ritualístico das ervas, nada impede que se utilize dos benefícios naturais que a mesma pode lhe dar, aproximando-se dela com respeito, clareza e fé.
Ewé ó !