Um dos pivôs do caso conhecido como “Grampolândia Pantaneira”, coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco, se aposentou da Polícia Militar. A informação consta do Diário Oficial do Estado divulgado na última quinta-feira (18).
Outro protagonista nas interceptações clandestinas, o então cabo Gerson Correa Junior, obteve promoção de patente. Desde abril, ele figura como terceiro-sargento, lotado no Comando Regional de Várzea Grande.
Lesco e Gerson foram apontados como integrantes do grupo que instituiu os grampos em Mato Grosso.
Ambos confessaram, em audiência na Justiça Militar, que atuaram diretamente na implantação do escritório de arapongagem para interceptar inimigos políticos do então governador Pedro Taques, que chefiou o Executivo estadual entre os anos de 2015 e 2018.
Os dois chegaram a ser presos, em setembro de 2017, por atuar de forma a atrapalhar os inquéritos que apuraram o esquema de escutas clandestinas no Estado.
Aposentadoria
Segundo a publicação assinada pelo governador de Mato Grosso Mauro Mendes (DEM) e o comandante da PM coronel Jonildo José de Assis, Lesco foi para reserva da corporação após 28 anos, 1 mês e 19 dias de contribuição.
Segundo a PM, uma avaliação médica concluiu que o policial, que sofre de um problema na perna, tem invalidez permanente está "incapaz" de permanecer no serviço da corporação.
Apenas na Polícia Militar, Lesco atuou por 25 anos, entre março de 1995 e junho deste ano. A publicação ainda traz que nos últimos dois anos e dez meses o coronel estava lotado no Comando Geral da Polícia Militar, em Cuiabá.
Conforme informações extraídas do portal transparência do Estado, em maio deste ano, ele teve remuneração bruta de R$ 31.167,60.
Participação nos grampos
No julgamento do caso conhecido como "Grampolândia Pantaneira", na Justiça Militar, em novembro do ano passado, Lesco foi absolvido por "insuficiência de provas". O então cabo Gerson Corrêa, por sua vez, ganhou perdão judicial.
Na ocasião, apenas o ex-comandante geral da PM, coronel Zaqueu Zaqueu Barbosa, foi condenado pelo Conselho da Justiça Militar, presidido pelo juiz Marcos Faleiros, a 8 anos de prisão em regime semiaberto e a perda da patente militar. Zaqueu recorreu da sentença.
Eles, os coronéis Zaqueu Barbosa, Ronelson Barros, ex-comandante e ex-adjunto da Casa Militar, respectivamente; e o tenente-coronel Januário Batista eram réus na ação penal.
Gerson foi o primeiro réu no caso a admitir o crime de interceptação ilegal. Em diversas oportunidades, chegou falar que o mandante das interceptações ilegais no Estado era o ex-secretário da Casa Civil Paulo Taques, e deu a entender que os atos foram praticados a mando do primo dele e governador do Estado, Pedro Taques (PSDB).
“Os donos disso aqui [interceptações telefônicas] são Paulo Taques e o governador Pedro Taques”, disse em seu depoimento.
A ação contra Pedro Taques e Paulo Taques está em análise na 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
Em depoimento na Justiça Militar, Lesco chegou a confessar a participação no esquema e revelou que o ex-secretário da Casa Civil Paulo Taques pediu a interceptação telefônica de um servidor do Governo ligado ao ex-governador Carlos Fávaro.
O PM ainda confessou que tentou grampear o desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça, que estava à frente dos processos relativos aos grampos no Estado. A ideia do grupo era obter a suspeição do magistrado e embaraçar as investigações. O caso foi investigado separadamente na Operação Esdras e está em andamento na 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
Além de Gerson e Lesco, foram presos na operação os então secretários de Segurança Pública, Rogers Jarbas, e de Justiça e Direitos Humanos, Airton Siqueira, e o ex-chefe da Casa CIvil, Paulo Taques.
Ainda tiveram prisão decretada na ocasiãoa personal trainer Helen Christy Lesco, esposa de coronel Lesco; o major Michel Ferronato; o sargento João Ricardo Soler e o empresário José Marilson da Silva.