Nem mesmo carretas e caminhões, que estavam sendo liberados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) para manter o abastecimento de produtos básicos ao Acre, poderão passar pelo trecho alagado. De acordo com a Defesa Civil, a rodovia federal alcançou o momento mais crítico da cheia histórica e o acesso ao Acre, via terrestre, está 100% fechado.O rio atingiu a cota 19,65 metros nesta quarta.
A interdição da BR-364 acontece quatro quilômetros antes de Jacy-Paraná, distrito de Porto Velho distante cerca de 90 quilômetros da capital, onde está o primeiro dos seis pontos de alagamento da rodovia. No local, a travessia de carros menores estava permitida apenas sobre guinchos. Caminhões adaptados também se arriscavam até a noite de terça (25), mas a medida tomada na manhã desta quarta-feira (26) mudou a situação. Na região, a lâmina de água sobre o asfalto chegou, segundo a PRF, a 1,60 metro. Nunca vi desastre desta proporção nos últimos 30 anos em qualquer estado da [rodovia] federal, disse o coronel Roney Cunha, da Defesa Civil do Acre.
Para manter o acesso ao estado vizinho, o Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (Dnit) construiu um porto improvisado no quilômetro 861 da BR-364, onde duas balsas operaram na segunda-feira (24). As embarcações levaram 39 veículos, pelo Rio Madeira, até Abunã, distrito de Porto Velho, onde o tráfego na rodovia se mantinha normal. Com a situação crítica, até mesmo as balsas estão temporariamente paradas no Rio Madeira.
Agora, o Dnit se apressa para construir um porto na comunidade Palmeiral, em Jacy-Paraná, o ponto de partida das cargas que seguirão ao Acre. A viagem pode demorar até 4 horas de balsa, segundo a PRF. Impossível qualquer veículo, até mesmo tratores, transpor acessos onde há crateras de até um metro sob a água e o nível chegando a 2 metros, informou o superintendente do Dnit, Fabiano Cunha.
O segundo atracadouro, onde as carretas serão desembarcadas, é construído simultaneamente, no Distrito de Velha Mutum, de onde os carregamentos seguirão em estrada seca, ainda na BR-364, até Guajará-Mirim, Nova Mamoré e Abunã. Lá, outra travessia pelo rio, também demorada, é realizada para chegar ao Acre.
Enquanto as obras são executadas, bombeiros do Acre e Rondônia receberão o reforço de militares da Força Nacional para selecionar as cargas prioritárias. Devem desembarcar em Porto Velho, na noite desta quarta-feira, 19 homens vindos do Amazonas e outros 22 do Maranhão. Frutas, verduras, legumes, gás de cozinha, combustíveis e medicamentos são prioridade total. Infelizmente, teremos que barrar as outras cargas, alertou o inspetor-chefe da PRF-RO, Alvarez de Souza Simões. Os caminhões terão parada obrigatória no posto fiscal, na saída da cidade, para análise do que é, de fato, essencial para evitar colapso no abastecimento às cidades de destino.
Um helicóptero enviado pelo governo federal e embarcações com capacidade de transbordar até 4,5 mil quilos serão deslocados para evitar o desabastecimento nas comunidades agrícolas à margem da rodovia. Oito empresas de guinchos, que cobravam de R$ 60 a R$ 150 para transportar veículos em apenas 4 quilômetros de rodovia alagada, foram obrigadas a encerrar suas atividades.
G1