A enchente de rejeitos das barragens da Samarco percorreu 460 km em quatro dias já está na divisa entre Minas e Espírito Santo na tarde desta segunda-feira (9). O CPRM (Serviço Geológico Nacional) aponta em boletim divulgado às 14h que a lama já começou a passar por Resplendor, no Vale do Rio Doce, enquanto os detritos mais consistentes ainda atravessam Governador Valadares, cerca 130 km antes.
A previsão é que ainda hoje atravesse Aimorés, a última cidade na divisa, e entre em Baixo Guandú, no Espírito Santo. A previsão é que na terça-feira (10) os rejeitos passem por Colatina e desaguem no mar em Linhares, no norte do Estado.
Walter Guimarães Leite, gerente-geral do Consórcio UHE Baguari, em Valadares, não tem previsão de quando a usina vai voltar a produzir energia.
— A primeira leva passou pelo vertedouro do Baguari [e se aproxima do ES] e a mais grossa está perto de Valadares. Todas as máquinas estão paradas, a usina não está gerando nada. Depois da passagem temos que colocar mergulhadores para verificar se há resquício de lama nas turbinas e concluir a limpeza.
Os funcionários perceberam que os rejeitos começaram a passar por volta das 9h20 na usina, que precisa seguir o protocolo da Agência Nacional de Águas para controlar o nível mínimo do reservatório.
— Ainda não foi autorizado abaixar o nível mínimo. Enquanto isso, a usina fornece desligada ao ONS (Sistema Interligado Nacional). Como ela parou, as outras usinas do sistema precisam compensar a geração.
Quatro usinas hidrelétricas foram atingidas no percurso: a de Candonga, em Rio Doce, a de Baguari, em Valadares, e de Aimorés, que já estão paradas, além da usina de Mascarenhas, no ES.
A captação de água no rio Doce foi suspensa na cidade de 275 mil habitantes e só será retomada depois que a lama contaminada passe por completo e uma análise química garanta que não há risco para o consumo da água. O Ministério Público do Espírito Santo acompanha os danos ambientais no Estado.
Depois de arrasar distritos de Mariana, na região central de Minas, a onda perdeu força para provocar enchentes nas margens, mas amplia o desastre ambiental ao matar milhares de peixes e interromper a captação de água para consumo e a produção de energia elétrica em todo o percurso.
Fonte: R7