Depoimentos de empresários levados coercitivamente ao Gaeco (Grupo de Ação Especial de Combate ao Crime Organizado) confirmam que Giovani Guizardi, dono da Construtora Dínamo, era o arrecadador de propina referente a obras de reforma e construção de escolas em Mato Grosso. Cabia a ele ainda fazer a cobrança dos valores ilícitos descobertos na "Operação Rêmora".
A empresária Clarice Maria Rocha, da Construtora Rocha, revelou que Guizardi chegou a cobrá-la por mensagens de SMS e também pela rede social WhatsApp.
O “assédio”, segundo a empresária, ocorreu diante do impasse num pagamento de R$ 300 mil referente a medição de uma obra em Sinop. Ela disse que, inicialmente, não recebeu por conta de um decreto do Governo, que suspendia por 90 dias os pagamentos de medições.
Após o prazo, continuou tendo dificuldades para receber. Num determinado dia, recebeu uma ligação da Secretaria de Educação, onde foi marcada uma reunião com o ex-assessor especial, Fábio Frigeri.
Na reunião, Frigeri orientou Rocha a procurar Giovani Guizardi, na sede da Dínamo, para discutir sobre o pagamento. Na conversa, o empresário condicionou a liberação dos R$ 300 mil que estavam pendentes ao pagamento da propina. “Caso contrário, o processo ficaria parado na Seduc”, disse o empresário à época.
Mesmo assim, a empresária contou que não aceitou o pagamento. Foi quando passou a ser “assediada” por Guizardi, numa clara demonstração de que ele estaria cobrando a propina.
Clarice Rocha relatou ainda que seu pagamento ficou pendente por 80 dias na Secretaria de Educação. Ela diz ter recebido porque, caso completasse 90 dias, poderia romper o contrato unilateralmente.
Atualmente, a Construtora Rocha realiza uma obra da Secretaria de Educação numa comunidade de Cláudia. Ela contou que só pode participar da concorrência e assinar contrato após ingressar com recurso administrativo na Seduc. As obras foram iniciadas em fevereiro.
O esquema de cobrança de propina na Secretaria de Educação foi descoberto na “Operação Rêmora”, deflagrada na última terça. Foram presos na operação Giovani Guizardi, Fábio Frigeri, e os ex-servidores da Secretaria de Educação, Wander Luiz dos Reis e Moisés Dias da Silva.
(Fonte: FolhaMax)