O empresário Walter Dias Magalhães Junior, presidente do Soy Group, disse que teria sido vítima do comerciante Mauro Chen Guo Quin. A declaração foi feita durante depoimento realizado nesta quarta-feira (12).
Preso desde agosto de 2016, Walter é acusado de praticar crime de estelionato e liderar organização criminosa que praticava golpes milionários, por meio das empresas American Business Corporation Shares Brasil Ltda e Soy Group Holdin America Ltda.
“Meritíssima se eu quisesse ter dado golpe em alguém, eu teria dado. Meu único erro foi ter confiado no Chen e ter recebido dinheiro dos clientes”, disse à juíza Selma Arruda, responsável pela Vara Contra o Crime Organizado da Capital.
A declaração foi dada na audiência instrução da ação penal oriunda da Operação Castelo de Areia. Além de responsabilizar o chinês pelo prejuízo de cerca de R$ 50 milhões causado nos clientes do Grupo Soy, o empresário também se disse enganado pelas apresentações de Chen, que é apontado nas investigações como o negociador das tratativas dos empréstimos fraudulentos.
“Ele me apresentou duas mineradoras no Brasil e uma carta de crédito como garantia, fui atrás e vi que a carta era real”, revelou que esses foram os dados apresentados por Chen que deram lastro a sua atividade como “dono” de um banco estrangeiro.
Walter anteriormente, quando prestou depoimento a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) fez acusações contra o ex-presidente da Câmara dos Vereadores João Emanuel, que era sócio da empresa, desta vez foi mais incisivo nas acusações contra Mauro Chen – que continua foragido.
Ao se defender quanto as acusações de estelionato, Walter disse que irá reparar todos os danos causados aos clientes.
"Falar que não cometi erro é ser hipócrita. Não adianta eu falar de João Emanuel, de Cheng eu tenho que resolver esse problema. Não sei o que vai acontecer comigo, mas vamos achar a saída pra ressarcir esses clientes", finalizou em depoimento.
Castelo de Areia
Deflagrada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e o Núcleo de Inteligência da Delegacia Regional de Cuiabá, unidades da Polícia Judiciária Civil, a operação Castelo de Areia levou a prisão de cinco membros de uma suposta organização criminosa que lucrou mais de R$ 50 milhões, por meio de crimes de estelionatos operados pela empresa Soy Group, com sedes em Cuiabá e Várzea Grande.
Em um dos golpes, uma vítima afirma que o vice-presidente da empresa Soy Group, o advogado João Emanuel, teria utilizado um falso chinês para convencê-lo em um suposto investimento com parceria com a China, fazendo com que o investidor emitisse 40 folhas de cheque, que juntas somam o valor de R$ 50 milhões. O ex-vereador fingiu ser intérprete e falar mandarim.
O Ministério Público ofereceu denúncia contra oito pessoas, por constituição de organização criminosa e estelionato.
Na ação, além de Emanuel, também são réus: o irmão do ex-vereador, o advogado Lázaro Roberto Moreira Lima; o pai dos dois, o juiz aposentado Irênio Lima; os empresários Walter Dias Magalhães Júnior, sua mulher Shirlei Aparecida Matsouka Arrabal, e Marcelo de Melo Costa; o contador Evandro José Goulart; e o comerciante Mauro Chen Guo Quin.
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