Jurídico

Empresário: esquema na Seduc começou na gestão de Permínio

Foto: Andréa Lobo/CMT

O empresário Ricardo Augusto Sguarezi, dono das construtoras Relumar Construções Ltda. e Aroeira Construções Ltda., afirmou que o esquema de fraudes a licitações na Secretaria de Estado de Educação (Seduc) começou na gestão do ex-secretário Permínio Pinto, entre 2015 e 2016.

Sguarezi prestou depoimento na tarde desta terça-feira (6) à juíza Selma Arruda, na Vara Contra o Crime Organizado Capital, em uma audiência referente a ação penal derivada da terceira fase da Operação Rêmora, que investiga um suposto esquema de fraudes a licitações e cobrança de propina de empresários que tinham contrato com a Seduc.

Ouvido como testemunha de acusação do Ministério Público Estadual (MPE), Sguarezi contou que o esquema teria começado na gestão de Permínio e que inclusive chegou a avisar a ele sobre as negociações entre empresários para conseguir contratos na Pasta.

“Logo que começou o negócio, fui lá e falei ‘olha está acontecendo isso’. Ele [Permínio] ficou irritado e disse que não era pra pagar nada e que ia resolver", disse na oitiva.

Ele também confirmou o depoimento dado ao MPE sobre os pagamentos de propina que fez ao empresário Giovani Guizardi, dono da Dínamo Contrutora, apontado como o gestor do esquema, que totalizou R$ 125 mil.

“Fiquei surpreso ao ver Giovani cobrando a propina. Normalmente é um agente público”, disse sobre ser cobrado por um empreiteiro.  

No entanto, ele afirmou ter pago os valores em três vezes. “O total do pagamentos era R$ 120 mil. Eu paguei R$ 50 mil da primeira vez, R$ 45 mil na segunda e R$ 30 mil na última vez. Acabei passando R$ 5 mil”, pontuou.

Com isso a juíza questionou o porquê de ter pagado R$ 5 mil a mais do valor cobrado na propina. “Foi um agrado", afirmou Sguarezzi. “Um agrado da propina?", ironizou a magistrada.

Na audiência estavam previstas ainda outras seis testemunhas, por fim foram dispensadas.  Na próxima quinta-feira (08) estão previstas as oitivas de Alan Malouf, apontado como encarregado das tratativas necessárias ao funcionamento do esquema ilícito.

Rêmora

A denúncia derivada da 1ª fase da Operação Rêmora foi aceita pelo juiz Bruno D’Oliveira Marques, substituto da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, em maio deste ano. O Gaeco apontou crimes de constituição de organização criminosa, formação de cartel, corrupção passiva e fraude a licitação.

Na 1ª fase, foram presos o empresário Giovani Guizardi; os ex-servidores públicos Fábio Frigeri e Wander Luiz; e o servidor afastado Moisés Dias da Silva. Apenas Frigeri continua preso.  

Nesta fase, são réus na ação penal: Giovani Belato Guizardi, Luiz Fernando da Costa Rondon, Leonardo Guimarães Rodrigues, Moises Feltrin, Joel de Barros Fagundes Filho, Esper Haddad Neto, Jose Eduardo Nascimento da Silva, Luiz Carlos Ioris, Celso Cunha Ferraz, Clarice Maria da Rocha, Eder Alberto Francisco Meciano, Dilermano Sergio Chaves, Flavio Geraldo de Azevedo, Julio Hirochi Yamamoto filho, Sylvio Piva, Mário Lourenço Salem, Leonardo Botelho Leite, Benedito Sérgio Assunção Santos, Alexandre da Costa Rondon, Wander Luiz dos Reis, Fábio Frigeri e Moisés Dias da Silva. 

Em julho, o Gaeco deflagrou a 2ª fase da operação, prendendo o ex-secretário da Seduc, Permínio Pinto. Posteriormente ele foi denunciado junto com o ex-servidor Juliano Haddad. 

A Rêmora 3 foi deflagrada em dezembro, após a delação premiada firmada pelo empresário Giovani Guizardi. Denominada “Grão Vizir”, a operação culminou na prisão preventivamente do empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, apontado pelo delator como doador de R$ 10 milhões para a campanha de Pedro Taques no governo e tentado recuperar os valores por meio do esquema. 

A terceira fase resultou em outras duas denúncias. Uma tendo como alvos o próprio Alan Malouf, considerado um dos líderes do esquema, e o engenheiro Edézio Ferreira.

Leia mais:

Ex-secretário, empresários e ex-servidores viram réus na Rêmora

Delator recebeu propina no escritório de sua empresa, afirma Gaeco

Dinheiro de propina desviado da Seduc quitaria dívidas de campanha, diz empresário

Alan Malouf e mais quatro são denunciados por constituir organização criminosa

Valquiria Castil

About Author