Parece história de filme, mas aconteceu na vida real. O Fantástico mostra como um empresário sobreviveu a uma tentativa de execução à queima roupa. O mais surpreendente foi como se descobriu que quem estava por trás do plano de morte era uma pessoa muito próxima.
“Caminhamos em direção a um mato, e mandou me ajoelhar e me deu dois tiros”, conta a vítima.
O homem, mostrado no vídeo acima, estava marcado para morrer. O dia: 29 de maio. A circunstância: num assalto em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.
Nove horas da noite, o dono de um ponto comercial num shopping caminha para o estacionamento. Ele é abordado por dois homens armados que roubam a carteira com os cartões do banco. Então um terceiro ladrão se aproxima e leva os cartões para sacar dinheiro. O estranho é que ele já sabia as senhas.
“A minha surpresa foi que quando, ‘me dá a chave do carro que a gente vai sair, tu vai sair junto com a gente até que as pessoas façam os saques nas tuas contas’. Aí eu vi que não seria só um assalto, ia ser um sequestro também. Eles pediram para mim botar um saco preto na cabeça”, conta a vítima.
Eles deixaram o estacionamento e depois que os saques foram feitos, o carro parou em uma rua escura, ao lado de um matagal.
“E eles começaram a fazer ligações, eles não tinham nem crédito no celular deles, eles tiveram que usar o meu telefone para ligar e se comunicar. Nisso o cara que estava dirigindo, e falando no telefone, desceu do carro e quem ficou comigo atrás dizia a todo o momento que nada ia me acontecer”, relata a vítima.
Durante a ligação o bandido parece receber uma ordem. “Nesse momento eu comecei a rezar e a chorar bastante, e esse indivíduo que estava fora do carro voltou, e afirmou ‘cala a boca porque nós vamos te matar’”, conta a vítima.
O empresário é obrigado a descer do carro sob a mira de um revólver. “E aí esse descer do carro, caminhar até o meio do mato, o cara te manda ajoelha aí é sentença de morte”, diz a vítima.
“E foi colocado de joelhos estava com capuz preto, colocado com as mãos para trás e aí deram dois tiros: o primeiro na nuca, o rapaz caiu, e depois deram o segundo tiro de misericórdia e pegou no ombro”, diz o delegado
O tiro na nuca deveria ter matado o empresário. Mas por um milagre ele escapou.
“Eu comecei a respirar para checar minha respiração. Comecei a mexer meu pé, minhas mãos, meus braços, meu ombro. Aí eu vi que eu tava bem. Nesse momento eu me levantei e saí correndo”, conta a vítima.
Foi um vigilante e uma família que mora na rua do crime que ajudaram o empresário baleado e chamaram o socorro.
“Ele era para estar morto na verdade. E ele tava falando muito bem e ele tava lúcido”, conta a mulher.
O empresário passou a ajudar a polícia a encontrar os assaltantes, que não sabiam que ele estava vivo. A grande surpresa veio quando os investigadores descobriram que quem havia planejado tudo era tinha sido o ex-gerente da loja do empresário. A ligação feita com o celular da vítima durante o assalto foi para Maicon Eduardo Silva Alves, que saiu da empresa depois de ser flagrado roubando.
“O dono descobriu e colocou ele na parede, ‘ou tu pede demissão ou eu vou comunicar a polícia ou tu vai responder por crime de furto’. O Maicon então resolveu pedir demissão só que ele ficou com muita raiva”, conta o delegado Cesar Carrion.
Ao rastrear a movimentação do telefone do ex-patrão, a polícia também descobriu que um dia depois do crime o celular estava na casa de Maicon, que fica a pouco mais de 300 metros do mato onde aconteceu a tentativa de execução.
Durante esta semana, um mês depois do crime, a polícia gaúcha prendeu o ex-gerente, e outros três suspeitos, Roger Luciano Silva da Luz, Charyel Correia Barbat, e o irmão de Maicon, Sandro Leonardo de Almeida, que ainda era funcionário do empresário e teria repassado as informações sobre a rotina da vítima.
Os quatro estão na cadeia e vão ser indiciados por extorsão mediante sequestro, tentativa de latrocínio, tortura, lesão grave e formação de quadrilha. A pena mínima pode chegar a 20 anos de prisão.
“A gente não vai resolver o problema da criminalidade, mas pelo menos essas quatro pessoas que fizeram isso comigo não vão fazer mais. Elas vão pagar pelo que fizeram”, diz a vítima.
O médico que fez o atendimento do empresário ficou impressionado com o lugar em que uma das balas ficou alojada.
“Muito perto da coluna cervical e do cérebro. Em questão de dois, três centímetros esse paciente teria tido uma evolução fatal”, destaca o médico traumatologista Álvaro Rodrigues.
A bala no pescoço ficará para o resto da vida, porque a retirada pode provocar a perda dos movimentos dos braços e pernas.
Agora o empresário e família pensam num recomeço. “Uma vida nova, totalmente diferente, com menos valores materiais e mais valores pessoais”, diz a vítima.
Fonte: G1