Foto: Rede Social
Agentes da Polícia Federal cumpriram mandado de busca na Imobiiária Água Boa, localizada na cidade homônima, a 746km de Cuiabá (MT), na manhã desta quinta-feira (25) de propriedade de Darci Antônio Mendel parceiro do então presidente da Valec, José Francisco das Neves, na venda de um loteamento no município. “Juquinha da Valec” teria recebido propina das construtoras Camargo Corrêa e da Andrade Gutierrez responsáveis pela obra da ferrovia Norte Sul.
O esquema envolve lavagem de R$ 4,4 milhões em contratos entre a Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S/A – empresa pública, vinculada ao Ministério dos Transportes, especializada na implantação de estradas de ferro.
A ação da PF em Água Boa faz parte da operação "De volta aos trilhos" que investiga pagamento de propina na construção da ferrovia entre Mato Grosso e Goiás. A operação, deflagrada pelo Núcleo de Combate à Corrupção do Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) e pela Superintendência de Polícia Federal em Goiás (PF/GO), cumpriu dois mandados de prisão preventiva, sete mandados de busca e apreensão e quatro mandados de condução coercitiva em Goiás e no Mato Grosso.
Em nota, a Procuradoria informou que os mandados foram solicitados pelo Núcleo de Combate à Corrupção do MPF/GO e concedidos pelo juiz substituto da 11ª Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás, especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
A operação, que é um desdobramento das investigações da Operação Lava Jato e nova etapa das Operações O Recebedor e Tabela Periódica, baseia-se em acordos de colaboração premiada assinados com o MPF/GO pelos executivos das construtoras Camargo Corrêa e da Andrade Gutierrez, que confessaram o pagamento de propina ao então presidente da VALEC, José Francisco das Neves, o Juquinha, bem como em investigações da Polícia Federal em Goiás, que levaram à identificação e à localização de parte do patrimônio ilícito mantido oculto em nome de terceiros (laranjas).
Os principais alvos da operação são José Francisco das Neves, seu filho Jader Ferreira das Neves e o advogado Leandro de Melo Ribeiro. Os dois primeiros são suspeitos de continuarem a lavar dinheiro oriundo de propina, mantendo oculto parte do patrimônio amealhado. O último é suspeito de ser laranja dos dois primeiros e de auxiliá-los na ocultação do patrimônio.
A pedido do MPF/GO, o juiz substituto da 11a Vara Federal da Sessão Judiciária de Goiás determinou as prisões preventivas de Jader e de Leandro, além das conduções coercitivas de Juquinha, do advogado Mauro Césio Ribeiro (sócio e pai de Leandro), de Jeovano Barbosa Caetano e de Fábio Junio dos Santos Pereira, suspeitos de prestarem auxílio para a execução de atos de lavagem.
As buscas e apreensões tiveram como alvo as casas dos investigados, a sede das empresas Pólis Construções e Noroeste Imóveis, que funcionariam no escritório de advocacia de Mauro Césio e Leandro Ribeiro, bem como a sede da Imobiliária Água Boa.
Darci Antônio Mendel confirmou, por meio de nota, que os agentes da PF queriam saber se ele tinha relação comercial com Juquinha. Mendel afirmou que nunca teve tratativa de negócios com Juquinha e que não é proprietário nem sócio da Noroeste Imóveis, que vendeu cerca de 300 lotes no setor do antigo aeroporto.
O dono da imobiliária fez questão de ressaltar que apenas comercializou os referidos lotes e que todos os compradores tem a garantia de uma escritura, reconhecida publicamente.
Também afirma aos policiais federais que não é sócio da Noroeste e que apenas foi o corretor desses imóveis, o intermediador entre o vendedor e o comprador. “Salienta que não houve busca e apreensão em seu escritório e que os policiais federais fizeram apenas perguntas relacionadas a relação comercial que ele teve com a Noroeste”, diz a nota.
Segundo Mendel, trata-se de uma investigação para saber se a Noroeste teria recebido dinheiro desviado da Ferrofia Norte Sul. Mendel disse aos policiais federais que não sabe de nada disso.
“A imobiliária Água Boa continua tendo relação comercial com a Noroeste imóveis, uma vez que a compra e venda dos terrenos no referido lotemaento permanece”, encerra a nota assinada pelo próprio Darci Mendel.
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Veja a nota emitida pelo empresário Darci Mendel, de Água Boa.