Acusada de participar de organização criminosa que teria aplicado golpes de estelionato no valor de R$ 50 milhões em todo o Estado, a empresária Shirlei Aparecida Matsouka Arrabal, negou que tenha participação nos crimes.
A declaração foi dada na tarde desta quarta-feira (12) à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, durante audiência da ação derivada da Operação Castelo de Areia.
Durante o interrogatório ela chorou e disse que apenas assinava documentos a pedido do seu marido, Walter Dias Magalhães, proprietário da empresa Soy Group e acusado de ser o líder do esquema.
“Às vezes eu assinava alguns papéis, ia ao cartório autenticar assinatura. Eu nunca participei de nada, nunca sentei com ninguém pra tratar de nada", disse à juíza.
Além de Shirlei e Walter, que está preso, em um processo desmembrado, ainda são réus o ex-vereador João Emanuel; o irmão do ex-vereador, o advogado Lázaro Roberto Moreira Lima; o pai dos dois, o juiz aposentado Irênio Lima; o empresário Marcelo de Melo Costa; o contador Evandro José Goulart; e o comerciante Mauro Chen Guo Quin.
Fazenda e grãos
Shirlei declarou que conheceu Walter Magalhães há 13 anos, quando era cabeleireira e estava vendendo um apartamento.
"Eu tinha um apartamento e o Walter era amigo de uma pessoa conhecida minha que queria comprar o imóvel e nos conhecemos nessa negociação, passamos a nos encontrar. Ele sempre mexia com compras de fazenda e grãos", disse.
A empresária disse ainda que não frequentava a empresa do marido e que também não notou eventual mudança de padrão de vida de Walter.
"Eu não conversava de negócios com ele, porque eu não tinha paciência. Eu ia ao banco, conversava com o gerente, e ele me passava os dados, senha. Eu chegava e passava para o Walter, quando precisava pegar dinheiro, transferência. Eu entregava tudo na mão dele. Ele sempre fala que tudo isso vão ser esclarecido e que ele não fez isso, ele sempre falou isso para mim", pontuou.
Castelo de Areia
Deflagrada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e o Núcleo de Inteligência da Delegacia Regional de Cuiabá, unidades da Polícia Judiciária Civil, a operação Castelo de Areia levou a prisão de cinco membros de uma suposta organização criminosa que lucrou mais de R$ 50 milhões, por meio de crimes de estelionatos operados pela empresa Soy Group, com sedes em Cuiabá e Várzea Grande.
Em um dos golpes, uma vítima afirma que o vice-presidente da empresa Soy Group, o advogado João Emanuel, teria utilizado um falso chinês para convencê-lo em um suposto investimento com parceria com a China, fazendo com que o investidor emitisse 40 folhas de cheque, que juntas somam o valor de R$ 50 milhões. O ex-vereador fingiu ser intérprete e falar mandarim.
O Ministério Público ofereceu denúncia contra oito pessoas, por constituição de organização criminosa e estelionato.
Na ação, além de Emanuel, também são réus: o irmão do ex-vereador, o advogado Lázaro Roberto Moreira Lima; o pai dos dois, o juiz aposentado Irênio Lima; os empresários Walter Dias Magalhães Júnior, sua mulher Shirlei Aparecida Matsouka Arrabal, e Marcelo de Melo Costa; o contador Evandro José Goulart; e o comerciante Mauro Chen Guo Quin.
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