Empresa investigada por receber R$ 260,6 milhões de esquema milionário de lavagem de dinheiro nas gestões Blairo Maggi (PR) e Silval Barbosa (PMDB), é alvo da 14ª fase da Operação Lavajato da Polícia Federal, nesta sexta-feira (19). A Andrade Gutierrez teve três de seus membros presos nesta fase da operação. Conforme a PF disse em entrevista coletiva, a empresa usava um esquema mais sofisticado que as negociatas de corrupção e fraudes de licitações encontrada na Petrobras.
A PF investiga a empresa alvo da operação Aratath (2010) que descobriu as negociações de venda de créditos precatórios a empresa comandada por Valdir Piran (Piran Participações), assim que o governo confirmou o pagamento da dívida. Desrespeitando a fila de pagamento, contestada pela justiça no ano de 2009 e negada pelo governador Maggi. – precatórias são dívidas que o estado tem que pagar por ordens judiciais e respeitando uma fila. Pelo contrato.
Dentro da Petrobrás, as empreiteiras comandavam um cartel na estatal, segundo Carlos Fernando dos Santos Lima, procurador do MPF (Ministério Público Federal). Para isso, havia o pagamento de propina a diretores da estatal via contas bancárias no exterior. "Não temos dúvida alguma que a Norberto Odebrecht e a Andrade Gutierrez capitaneavam o esquema de cartel dentro da Petrobras", diz Lima.
Outro alvo da Operação é a empreiteira Odebretch. Considerada uma das maiores do Brasil, ela lidera o consórcio Rota Oeste, que irá gerenciar a BR-163 em Mato Grosso.
Entenda
A investigação da Ararath aponta três razões para que o Governo não realizasse o pagamento e a posterior venda dos créditos vindos das precatórias: 1ª) não havia vantagem em vender créditos com deságio, porque o Estado já tinha assumido pagar no prazo; 2ª) o Estado pagou à Andrade Gutierrez parcelas mais altas e antes mesmo das que a Piran assumiria; 3ª) se fosse mesmo cessão de crédito, o correto seria a Piran pagar primeiro e depois receber os créditos.
Papéis dessa transação foram apreendidos com Éder Moraes (PMDB), ex-secretário da gestão Maggi e do governo de Silval Barbosa. Ele está preso e é acusado de operar o suposto esquema.
A PF diz que é preciso quebrar o sigilo bancário da Andrade Gutierrez e da Piran –ainda não há decisão a respeito. Para a PF e o Ministério Público Federal, a Piran e Moraes são operadores do "banco clandestino" que movimentava empréstimos privados fraudulentos e dinheiro público desviado em MT.
Outro empresário apontado como operador, Gércio Mendonça Jr. aceitou ser delator em troca de benefícios na acusação e disse que a Piran "lavava dinheiro" para Moraes e seu grupo político.
Suspeita-se ainda que o esquema tenha braços no Legislativo, no Judiciário e no Ministério Público do Estado de Mato Grosso.
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