A empresa brasiliense Hex Tecnologias Geoespaciais, que enviou à Polícia Federal as informações sobre o vazamento de petróleo no Nordeste, é contratada do Ibama desde fevereiro deste ano para prestar serviços de monitoramento via satélite. A companhia, no entanto, afirma não ter sido acionada pelo órgão do Ministério do Meio Ambiente para oferecer as imagens, o que poderia ter acelerado as investigações. Por não ter sido procurada antes, a empresa resolveu oferecer, gratuitamente e por conta própria, as informações à Polícia Federal, 55 dias depois de as manchas serem detectadas.
A informação foi confirmada ao jornal O Estado de S. Paulo pelo presidente da Hex, Leonardo Barros. O executivo informou que tem um contrato “sob demanda” com o Ibama, ou seja, oferece os serviços de monitoramento sempre que é demandada pelo órgão do governo federal.
O Ibama, no entanto, garantiu Barros, não entrou em contato com a empresa em nenhuma ocasião para pedir informações que pudessem auxiliar na localização da origem do petróleo.
“Nosso contrato com o Ibama é sob demanda. Nós reagimos às demandas do Ibama, como, por exemplo, olhar o desmatamento em determinado local, etc. Nesse caso, especificamente, para a mancha de óleo, nós realmente não fomos acionados. Agora, por que isso aconteceu, é melhor perguntar para o Ibama”, comentou.
O jornal O Estado de S. Paulo questionou o Ibama sobre o assunto, mas o órgão não se manifestou até o fechamento deste texto. O governo tem sido criticado pela demora nas ações de combate e investigações sobre o caso.
O contrato de sensoriamento remoto firmado com o Ibama já previa esse tipo de serviço para o órgão, disse Barros. O executivo, no entanto, disse que não sabe por qual razão o órgão não foi acionado antes. Por causa da notoriedade e importância que ganhou o desastre, a Hex decidiu, por conta própria, entregar as informações à Polícia Federal, disse.
“O Ibama sabe quais são as nossas competências. Aí, é um critério dele [acionar ou não o serviço]. Não é papel nosso ficar oferecendo o serviço o tempo todo”, comentou o executivo.
O contrato tem o valor máximo de R$ 4,6 milhões e foi assinado em fevereiro e tem validade de um ano.
Sobre a decisão de entregar gratuitamente as informações à Polícia Federal, disse que se trata de um “caso de estudo altamente relevante” e que a empresa, a partir disso, decidiu “eleger isso como um caso relevante”. “Como não fomos acionados, decidimos apostar nisso por conta própria.”
O relatório da Hex foi entregue à Polícia Federal no dia 25 de outubro, 55 dias depois de as primeiras manchas aparecem no litoral do Nordeste. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), segundo Barros, recorreu à companhia para buscar informações após o início da pesquisa e solicitou que os dados fossem repassados para a PF.
A empresa detectou somente o navio Bouboulina, de bandeira grega, no ponto e na data de origem do vazamento, a aproximadamente 700 quilômetros da costa entre o Rio Grande do Norte e a Paraíba nos dias 28 e 29 de julho. A Hex descartou a presença de um “navio pirata”, sem identificação oficial, na área durante esse período.
A empresa Delta Tankers, dona da embarcação, negou que tenha havido qualquer tipo de incidente com o navio. O caso segue em investigação.