Cidades

Empresa de alimentos dribla crise financeira no País

Foto Ahmad Jarrah

“Na crise uns choram, outros vendem lenço. Eu estou vendendo lenço!”. É com essa persistência e visão que Luiz Desiderio e sua esposa, Neusa Desiderio, construíram o império Mika Alimentos, em Cuiabá.

O casal, representante de uma distribuidora de alimentos do interior de São Paulo, chegou à capital mato-grossense para revender produtos. Com a quebra da indústria para a qual trabalhavam, vislumbrando o mercado carente de produtos e produção, o casal se inseriu no mercado com a venda de farináceos, derivados de milho e mandioca.

“Quando chegamos a Cuiabá, vimos a oportunidade de industrializar Mato Grosso. Começamos com três funcionários. Mato Grosso tinha uma demanda grande, mas o acesso era restrito por conta da falta de rodovias e nós conseguíamos chegar a esses clientes”, conta o fundador.    

A implantação da Mika Alimentos em Cuiabá ocorreu há 23 anos, com trabalho duro e muito suor. No galpão onde as máquinas e sacos dos farináceos eram abrigados, o casal Desiderio fez de um cômodo sua morada. Os negócios cresceram, o mercado, a fábrica e a diversidade de alimentos que a empresa vendia também. “Nós crescemos, e abrimos para o mercado de temperos, geladinhos, salgadinhos – snack…”. 

Na entrada da atual indústria, construída há aproximadamente sete anos, a primeira máquina – comprada com o dinheiro da venda do único carro do casal no início dos anos 90 – relembra a história de luta.

Atualmente, Mika Alimentos é uma das indústrias com mais variedades de produtos no estado. Conta com 250 funcionários que fabricam 13 mil fardos de alimentos por dia, em torno de 60 a 80 toneladas. A distribuição desses alimentos é feita em toda a região Centro – Oeste e Norte do País. Hoje a empresa atende nove estados e Desiderio diz não pretender expandir mais. “Co

m 53 anos não tem como ter mais ambição. Agora, quero ficar sossegado”, brinca. Entretanto a expansão dos tipos de produtos não para. 

Trabalhando em estados com temperatura média de 30°c – MT, MT, GO, DF, PA, RO, AM, AC e AP – o produto mais vendido não poderia ser outro, o “Geladinho”. O produto pertence à linha carro chefe da empresa: “Bebela”, que conta ainda com a pipoca doce e o salgadinho.

A espécie de picolé em saquinho chegou há dois anos no mercado e promete mudar a produção da indústria, que pretende diminuir o volume de produção e trabalhar com mais produtos de valor agregado. “O salgadinho, a pipoca doce, o geladinho são produtos com um valor agregado maior, com um volume menor. E é onde nós estamos nos direcionando”, afirma o gerente industrial da Mika, Gilvair Marconi dos Santos.

A venda de Geladinho também afetou o maquinário da indústria. A empresa projetou uma máquina para o empacotamento do produto, apelidada pelos funcionários de “Centopeia”, tamanha a agilidade que proporciona ao processo. “A máquina aumenta o índice de produção e reduz a manipulação do produto”, explica o gerente.

A fábrica trabalha ainda com temperos, especiarias, achocolatado em pó, farinhas e farofas, milho de pipoca e pipocas de micro-ondas, salgadinhos, e neste ano lançará a linha com sete molhos de pimentas. Para 2016, há projetos para produção de biscoitos e chás em sachê, que ainda estão na fase de criação.

A CRISE

Segundo Marconi, a indústria de alimentas está bem e alçando novos voos. “Em nenhum momento enquanto estive na empresa, me lembro de vê-la em uma situação ruim. O Luis [proprietário] tem uma visão grande e consegue ver na crise, uma oportunidade. Ele é o típico empreendedor”, revela.

O proprietário da empresa confirma as afirmações do gerente, e diz que, apesar da indústria nacional sofrer grandes quedas, a alimentícia está em ascendência. “Da crise só ouço falar à noite, na hora do ‘Jornal Nacional’. Não sei de crise, não”, desconversa.

Veja a reportagem na íntegra na edição 563.

Cintia Borges

About Author

Você também pode se interessar

Cidades

Fifa confirma e Valcke não vem ao Brasil no dia 12

 Na visita, Valcke iria a três estádios da Copa: Arena Pernambuco, na segunda-feira, Estádio Nacional Mané Garrincha, na terça, e
Cidades

Brasileiros usam 15 bi de sacolas plásticas por ano

Dar uma destinação adequada a essas sacolas e incentivar o uso das chamadas ecobags tem sido prioridade em muitos países.