Tradicionalmente usados na troca de produto por insumos e, mais recentemente, adotado até pela indústria de máquinas agrícolas em tempos de queda nas vendas, a operação conhecida como barter pode ser usada para sistemas de irrigação. A Focking, do Rio Grande do Sul, aderiu neste ano a essa alternativa, inicialmente voltada só para produtores de soja.
A expectativa é de que até o final do ano, o barter represente ao menos 10% dos negócios da empresa neste segmento. “É uma alternativa que torna mais acessível a compra do equipamento”, diz o diretor superintendente, Siegfried Kwast, em conversa com Globo Rural, na Expointer, em Esteio (RS).
No geral, a companhia espera manter o ritmo de crescimento de 25% ao ano nos negócios com irrigação, calcados em estruturas de pivô central. Isso mesmo levando em conta o custo de capital para financiar os equipamentos. Os juros do Moderinfra, que viabiliza o crédito para o segmento, estão em 7,5% ao ano dentro das condições do Plano Safra 2017/2018.
“Os bancos estão mais exigentes e seletivos em relação às garantias para a concessão do crédito”, reconhece o executivo. De outro lado, ele pontua que, atualmente, pelo menos metade dos clientes vem utilizando recursos próprios para comprar equipamentos. Historicamente, considerando um período de pelo menos dez anos, essa proporção era de 30%.
Para o executivo, a demanda observada até esta sexta-feira (1/9) na Expointer é um sinal de um mercado aquecido na irrigação. Antes do fim da feira, ele estima ter vendido quatro vezes mais do que na edição do ano passado. O desempenho surpreendeu. “O produtor rural busca realinhar a rentabilidade com aumento de produtividade e redução de custos proporcionados pela alta tecnologia”, diz Kwast.
A empresa com 100% de capital nacional e 70 anos de existência tem pelo menos 60% dos negócios atrelados ao setor agropecuário. A Fockink atua também nos setores de energia e sistemas de brincos para rastreabilidade animal. Na Expointer, o forte dos negócios tem sido a irrigação.
Falando especificamente do Rio Grande do Sul, Kwast explica que as oportunidades de investimento têm surgido à medida, por exemplo, que a produção de grãos avança sobre pastagens degradadas. No Estado, diz ele, a irrigação ficou estagnada até 2012. Depois “deu um salto”.
“A irrigação tira o efeito da estiagem e cria um ciclo de desenvolvimento”, afirma o executivo, garantindo que 60% da carteira da companhia no segmento é de clientes que já tem um pivô central na fazenda. “Em outros Estados não é diferente. No Centro-oeste, há quem faça até três safra por ano em sistemas irrigados”, acrescenta ele.