Política

Em vídeo, marqueteiro do PMDB detalha caixa dois em campanhas do RJ

Os vídeos da delação do marqueteiro de políticos do PMDB no Rio, Renato Pereira, foram liberados pelo Supremo Tribunal Federal e exibidos pelo Jornal Hoje neste sábado (18). Nos depoimentos, ele dá detalhes do caixa dois nas campanhas no estado.

O delator também cita o ex-prefeito Eduardo Paes, mas faz ressalvas: ele isentou o prefeito de ter pedido dinheiro para interferir em licitações. Segundo o delator, Paes não fez isso nem para ele, nem para ninguém da Prefeitura. Os funcionários teriam sido pagos por fora, sem o conhecimento de Paes.

Renato Pereira é o dono da agência Prole que, nas últimas duas décadas, comandou a publicidade de oito campanhas do PMDB no Rio de Janeiro. Na delação ao Ministério Público Federal, Pereira também revelou que a maior parte do dinheiro não era declarada à Justiça.

De acordo com o marqueteiro, o esquema começou com Sérgio Cabral, na época em que ele ainda era deputado. Em 2010, quando Cabral disputou o governo do Rio, o valor total da campanha chegou a R$ 12 milhões, segundo o delator.

“Dez a doze milhões de reais, não lembro direito. Eu apresentei primeiro para o Wilson Carlos, ex-secretário de Governo de Sérgio Cabral, o principal interlocutor do Cabral há muito tempo. Ele aceitou o valor aceitável, depois conversei com ele e Cabral e eles aprovaram também”, diz o delator.

“A maior parte foi paga em dinheiro vivo. Sobretudo pela motivação deles não quererem transmitir ou declarar à Justiça Eleitoral valores que seriam considerados altos perante a opinião pública. Então pediram que uma parte importante fosse paga em espécie”, completou Renato Pereira.

Renato Pereira também atuou na campanha que elegeu o sucessor de Sérgio Cabral e atual governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB). O marqueteiro afirmou que a campanha custou R$ 40 milhões, a maior parte paga pela construtora Odebrecht, também via caixa dois.

“Foi R$ 40 milhões ou R$ 40 (milhões) e algum quebrado, mas é R$ 40 milhões. Uma grande parte é paga por fora”, explicou Renato Pereira.

Renato Pereira disse que primeiro conversou com Cabral e depois foi ao Palácio Guanabara, sede do governo do estado, acertar os detalhes com o Pezão.

“O governador Sérgio Cabral também pediu que eu apresentasse esse orçamento para o Pezão e eu fiz isso. Depois, conversei com Pezão. Nessa época, o Pezão já era o governador, então eu apresentei para o Pezão lá no Palácio Guanabara e o Pezão disse que ok”, disse o marqueteiro ao MPF.

Eduardo Paes

Renato Pereira também trabalhou na campanha à Prefeitura do Rio em 2012 e disse que o ex-prefeito Eduardo Paes, reeleito naquela disputa, sabia que os recursos vinham de caixa dois.

Mas Renato Pereira afirmou que durante a gestão de Eduardo Paes o ex-prefeito jamais pediu propina em licitações da Prefeitura, nem dinheiro — seja em benefício próprio ou para outras pessoas.

"Não. Em nenhuma licitação, nenhuma tomada de preço, nenhum processo que a gente tenha participado ou qualquer outro fornecedor ligado a gente, seja Casa Digital, seja Fulano Filmes, jamais houve pedido de pagamento de valor pela Prefeitura ou qualquer pessoa ligada à Prefeitura. Ao longo de toda a relação com o prefeito Eduardo Paes nunca pediu qualquer tipo de remuneração para ele ou para qualquer pessoa que seja, isso jamais aconteceu".

O ministro Ricardo Lewandoski, do STF, devolveu à PGR o acordo dessa delação premiada. O ministro discordou de algumas cláusulas desse acordo.

O que dizem as defesas

O ex-prefeito do Rio disse que as declarações de Renato Pereira são fantasiosas e mentirosas. Os outros citados não foram localizados. O governador Luiz Fernando Pezão declarou que todas doações de campanha foram feitas de acordo com a Justiça Eleitoral. A Odebrecht diz que está colaborando com as investigações.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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