Foto: Chico Valdiner/Gcom-MT
O governador Pedro Taques (PSDB) voltou a negar, em rede nacional, que tenha tido conhecimento da existência de suposta central de monitoramento telefônico ilegal na Polícia Militar de Mato Grosso, como apontado em investigação na Procuradoria Geral da República (PGR).
Durante reportagem especial veiculada pelo programa jornalístico Fantástico, da Rede Globo, o governador afirmou que, ao contrário do que afirmado pelo ex-secretário de Estado de Segurança Pública (Sesp), promotor de Justiça Mauro Zaque, ele só tomou conhecimento do possível esquema de arapongagem nesta semana, por meio da imprensa.
“[O promotor] não entregou [a denúncia] em minhas mãos. Esses fatos são gravíssimos e serão investigados. Esse protocolo nós já constatamos que existe o mesmo número e código de barra, que se trata de estradas. Eu não recebi essa documentação do promotor Mauro Zaque. Determinamos ao secretário da Sesp que tome as providências para investigar e processar”, disse ao Fantástico.
A denúncia feita pelo promotor tem como base relatório da Polícia Militar (PM), no âmbito de uma investigação de tráfico de drogas. Nele a PM pedia a quebra de sigilo telefônico de criminosos, no entanto, em meio a lista, foram inseridos números telefônicos de deputados estaduais, advogados, médicos e jornalista.
A suposta quebra de sigilo telefônico ilegal era feita por meio de um esquema conhecido como “barriga de aluguel”, em que números de telefones de pessoas sem conexão com uma investigação são inseridos em um pedido judicial de quebra de sigilo telefônico.
“A pessoa quer interceptar um advogado, um político. Pega um pedido no inquérito policial e coloca como se fosse o telefone de um traficante. O promotor não tem como checar todos esses números na hora em que vai dar seu parecer. O juiz não tem como checar na hora que dá sua decisão. E isso é autorizado”, disse Zaque, ressaltando que a investigação iniciada quando ainda estava na Sesp, foi motivada por uma denúncia anônima.
Conforme Zaque, ele informou Taques sobre a suposta irregularidade pessoalmente. “Eu levei essa documentação ao conhecimento do governador, devido ao fato de ter o envolvimento de pessoas muito próximas a ele. Secretários, inclusive”,
Entre os alvos da suposta arapongagem, segunda a reportagem, estão a deputada Janaína Riva (PMDB), o advogado eleitoral José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes do Santos “Muvuca”.
Além deles, o Fantástico afirmou que outra pessoa investigada irregularmente foi uma mulher que teve um relacionamento amoroso com o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques – que deixou o Governo do Estado na última quinta-feira (11).
“Nunca pedi ou solicitei a quem quer que fosse a gravação de A, B ou C”, declarou à reportagem.
Protocolo fraudado
Ao Fantástico, o governador Pedro Taques ressaltou que o ofício apresentado pelo promotor foi fraudado, uma vez que o número do protocolo emitido pelo setor responsável por receber tais documentos no Palácio Paiaguás seria o mesmo que outro ofício protocolado pela Câmara Municipal de Juara, solicitando a realização de obras naquele município.
Antes da reportagem, Taques revelou à imprensa que a única denúncia que chegou ao seu conhecimento, diversa da que veio a público agora, foi recebida do então secretário Mauro Zaque, no dia 08 de outubro de 2015. Esta foi encaminhada ao Ministério Público Estadual (MPE) no dia 14 daquele mês, e arquivada pelo então coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), promotor Marco Aurélio de Castro, no dia 27 de outubro de 2015.
Veja a reportagem completa AQUI.
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