Ao contrário do protesto anterior, na quinta-feira, em que houve mais de 200 feridos –15 jornalistas, 7 da Folha–, dessa vez não houve confrontos, prisões ou registros de casos de vandalismo na maior parte do percurso.
A Polícia Militar acompanhou à distância e se limitou à revista de manifestantes.
O tom pacífico só foi quebrado por volta das 21h30, quando um grupo que se dirigiu ao Palácio dos Bandeirantes forçou a entrada na sede do governo paulista e foi rechaçado pela polícia. O portão chegou a ser derrubado.
De acordo com o Datafolha, 71% dos presentes participaram ontem pela primeira vez do protesto.
A maioria tem entre 26 e 35 anos e 81% se informaram do ato pelo Facebook. No total, 85% dos presentes buscaram informações pela internet.
Os manifestantes saíram em marcha pela avenida Faria Lima. O Movimento Passe Livre decidiu dividir a passeata em dois grupos. Uma parte seguiu pela Rebouças, até a marginal Pinheiros. O restante ocupou a Faria Lima.
No caminho, os manifestantes chamavam a população para participar. Nas janelas dos prédios, as pessoas colocaram lençóis e toalhas brancas em apoio à passeata.
"Não vim brincar, vim protestar", disse a aposentada Marita Ferreira, 82, que fez questão de participar.
Durante o percurso, os manifestantes pediam para que as bandeiras de partidos políticos fossem guardadas.
Os dois grupos se encontraram na ponte Octavio Frias de Oliveira. Enquanto isso, um terceiro grupo fechou a Paulista, nos dois sentidos, também de forma pacífica. O trânsito foi interrompido.
Na avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, um grupo se sentou no meio da via, gritando palavras de ordem. Os PMs que acompanhavam a manifestação também decidiram se sentar e foram aplaudidos.
MULTIDÃO
O protesto em São Paulo reuniu o maior número de participantes desde o movimento dos caras-pintadas pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 25 de agosto de 1992.
Naquela ocasião, a PM calculou em 350 mil os manifestantes que se reuniram no Masp, na avenida Paulista.
Houve concentrações maiores, mas sem o caráter de protesto, como a Marcha para Jesus, em 2010, que segundo a PM reuniu 2 milhões de pessoas, e a Parada Gay de 2005, que juntou 1,8 milhão.