A segurança pública, as políticas de assistência social, a educação inclusiva e a geração de emprego e renda foram debatidas pelo Movimento Mais Ação Pra Mudar Cuiabá na noite de quinta-feira (25), no Sindicato dos Bancários. Na plenária com o tema “Políticas Sociais Estruturantes”, o grupo apresentou diagnósticos da capital mato-grossense, propôs soluções e reforçou a necessidade de pensar e executar as políticas públicas sociais de forma articulada e integrada. As ideias vão integrar o Plano de Governo Participativo do pré-candidato a prefeito Lúdio Cabral (PT).
“As políticas públicas precisam acontecer de forma integrada onde as pessoas vivem. Tem que haver entrosamento entre as equipes de diferentes áreas, para buscar soluções compartilhadas. Nós teremos o melhor programa de governo para apresentar à população nas eleições deste ano”, disse Lúdio Cabral ao final da reunião. Foram ouvidos especialistas e também a comunidade para a construção das diretrizes do plano que será apresentado à Justiça Eleitoral em agosto.
O superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Arthur Preza Nogueira, trouxe para o debate o papel do município na segurança pública. Para ele, a próxima gestão de Cuiabá não pode se abster do assunto e uma Guarda Municipal, com atuação humanizada e articulada com a sociedade reduziria os índices. “A Guarda Municipal faz um trabalho de apoio às polícias estaduais e federais. Então, essa discussão da segurança pública se torna um dever do município para somar e sair da ideia de que o município precisa ficar na dependência. Temos que pensar a Guarda Municipal bem treinada, não militarizada, parceira do cidadão e presente nos bairros e nas escolas”, defendeu.
Nogueira ainda lembrou que a segurança pública está associada a outros fatores direta ou indiretamente, como a estrutura da cidade com iluminação pública, mobilidade e programas educacionais nas escolas. “Fazer segurança pública é associar multidisciplinaridades, ou seja, várias políticas, desde a assistência social, educação, saúde, meio ambiente. É só sair nas ruas e ver que não temos iluminação pública decente. Como você quer combater o crime, impedir que ele aconteça, em ambientes ermos? Em ruas sem asfaltos em que não passa uma viatura da Polícia Militar?”, questiona.
Assistência Social e Educação
A professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Leana Oliveira Freitas, que pesquisa a Assistência Social no Brasil, destacou a realidade excludente do estado, em que os números econômicos não condizem com os bolsões de pobreza nas principais cidades, inclusive a capital. “Nós podemos eleger alguém que entenda a Assistência Social como uma política de fato estruturante, e não com o viés da dependência, do assistencialismo ou da moeda de troca. Assistência social é preservar a dignidade, dar condições dignas de vida à população. E não temos que reinventar a roda, a política já existe, mas precisa operar com qualidade”.
A presidente do Conselho de Educação de Cuiabá, a professora da rede municipal Andrea Santos, destacou a necessidade de valorizar os profissionais, ampliar a rede integral e fortalecer o controle social, por meio da participação dos conselhos e comunidades escolares nas discussões, além da adoção de gestões democráticas nos ambientes escolares. “Nós temos o Plano Municipal de Educação que deve ser seguido. É um plano com legitimidade na sociedade, foi discutido nas escolas, pensado de forma democrática. A grande frustração que temos é que os governantes não fazem o que está posto ali, o que já está pronto”, observou.
Andrea ainda sugeriu a implantação de um programa que torne Cuiabá uma “cidade educadora”, utilizando para isso os equipamentos públicos como praças, parques, bibliotecas e casarões históricos para ensinar jovens e crianças. “Precisamos potencializar os espaços da cidade. A gente vê a nossa cidade abandonada e com tanto potencial. O Morro da Luz, por exemplo, tem um potencial incrível. Cuiabá exala história e tudo isso é muito negligenciado”.
Emprego e renda
O economista Maurício Munhoz disse que é preciso entender o perfil econômico de Cuiabá e planejar pensando na região metropolitana. “O primeiro ponto é começar a pensar Cuiabá como uma região metropolitana. Cuiabá não é só Cuiabá, é um grande centro e vive uma crise de crescimento. Se continuar nesse ritmo, em 2030 vamos passar da primeira economia do estado para a terceira. Cuiabá vive hoje o pleno emprego, mas a qualidade desse emprego é questionável. Mas não podemos ficar presos em lamentações. Temos que fazer um pacto pela reconstrução de Cuiabá. O Lula pediu isso para o Brasil e o País está sendo reconstruído. E o Lúdio pode liderar esse movimento em Cuiabá, pensando na economia da cidade, na geração de emprego e renda”, propõe Munhoz.
Outras ideias propostas pela população durante a plenária, como a valorização dos Técnicos de Desenvolvimento Infantil (TDI) nas creches municipais, recomposição de equipe multidisciplinar dentro dos equipamentos do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), reimplantação da Universidade Popular Comunitária, voltada à erradicação do analfabetismo entre jovens e adultos, requalificação do Centro Histórico de Cuiabá e criação de uma Universidade da América Latina, articulada e integrada com os países vizinhos.
Esses debates dão continuidade à construção do plano de governo participativo de Lúdio realizado pelos grupos temáticos. A primeira plenária de plano de governo reuniu propostas para Planejamento Urbano e Emergência Climática, na segunda-feira (22). A próxima plenária vai debater Saúde e Qualidade de Vida, na próxima segunda (29), no Sindicato dos Bancários, a partir das 18h30.
Foto: Flávio André
Fonte: Assessoria