Após o tumulto, um cinegrafista que acompanhava a saída dos presos ficou com cortes na boca e a roupa rasgada, constatou o G1 no local. Um fotógrafo do jornal "O Dia", segundo a publicação, teve o equipamento quebrado.Antes, no entanto, o clima era tranquilo. Por volta de 16h, parentes já comemoravam a chegada de um oficial de justiça que trazia o documento de liberação.Eles só se mostravam indignados com o atraso para a soltura. Marino D'Icarahy, pai de Igor e advogado de alguns dos manifestantes, não se conformava.
"Para uma pessoa que está presa com razão, um minuto na cadeia é uma tortura. Um minuto a mais para quem está preso sem ter que estar [preso] é um terror. Estas pessoas não eram para ter ficado presas sequer um minuto", disse D'Icarahy ao G1, depois de percorrer o Tribunal de Justiça, o fórum de Bangu e o Complexo Penitenciário.Especialista em direito penal, o professor Leonardo Pantaleão fez coro às críticas de D'Icarahy."Temos mecanismos que permitem a comunicação quase imediata. É o tempo de encaminhar um e-mail. Além disso, é um risco enorme para o poder público manter presa uma pessoa que já tem uma ordem de liberdade. A cada momento que permanecem lá, é risco grande para a unidade prisional. Se, por uma fatalidade, acontece alguma coisa após a ciência da soltura, a responsabilidade do estado é evidente", disse Pantaleão.
Dos 23 denunciados pelo MP, somente dois continuam presos: Caio Silva e Fábio Raposo, acusados de provocar a morte do cinegrafista Santiago Andrade.O inquérito que investiga a participação de um grupo de manifestantes em atos violentos nas manifestações no Rio foi entregue no dia 18 ao Ministério Público Estadual. Na data, a polícia pediu a prisão preventiva para 23 pessoas.Fazem parte do grupo 17 pessoas suspeitas de atos violentos presas na véspera da Copa, na Operação Firewall. No dia 15, a Justiça concedeu liberdade a 12 dos 17 presos. No dia 18, um habeas corpus em nome dos últimos 5 presos chegou a ser concedido, mas o grupo não chegou a ser solto, porque a Justiça aceitou, na mesma data, denúncia do MP que pedia a prisão preventiva.
O pedido inicial foi de prisão temporária, que existe apenas para que a polícia possa complementar investigações, de acordo com o presidente da Associação dos Magistrados do Rio, Rossidélio Lopes.
"Dessa prisão temporária, que só dura cinco dias, o desembargador Siro Darlan tinha deferido uma liminar de habeas corpus. Até o quinto dia o juiz poderia modificar sua decisão para uma prisão preventiva, e foi isso que aconteceu. Em seguida, os acusados impetraram novo pedido de habeas corpus no plantão, que foi rejeitado, e agora foi acolhido pelo desembargador natural do processo, que é o Siro Darlan. O mérito dessa decisão ainda vai ser julgado pela 7ª Câmara Criminal, que pode ratificar a decisão de habeas corpus ou cancelar, explicou.
G1