O movimento é um ato para pressionar o Tribunal Superior do Trabalho (TST) a julgar o dissídio dos rodoviários e manter a decisão tomada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), que garantia 10% de aumento salarial, além de um reajuste superior do tíquete de alimentação. O sistema atende, diariamente, cerca de 2 milhões de passageiros.
Mesmo assim, muitos trabalhadores do Grande Recife foram às paradas e terminais tentar um transporte. Em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, micro-ônibus circulam – entre os bairros – com as portas abertas e cobradores pedurados. "Eles não aceitam o VEM, tem que pagar em dinheiro. Além disso, só rodam aqui na cidade. Para a gente, que tem que ir para o Recife, não resolve", conta a empregada doméstica Vera Costa, que foi trabalhar de táxi na última paralisação.
A assistente administrativa Eliane da Silva pega três ônibus diariamente para sair de casa, em Jaboatão, e ir até o trabalho, no bairro do Coelhos, região central do Recife. "A gente tem que tentar chegar de todo jeito. Peguei um micro-ônibus, agora tento uma carona. Da última vez, saltei na [estação de metrô da] Joana Bezerra e fui andando até o trabalho", recorda.
O auxiliar de carga e descarga Edmilson Alves também sabia da paralisação, mas foi tentar pegar um coletivo da mesma forma. "A gente tem que tentar, depois alguém consegue chegar no trabalho e eu acabo queimado. Isso é um absurdo, parar tudo quanto é ônibus. Eles deviam parar de 10h, quando a maioria já está no trabalho", defende Alves.
Na Zona Sul do Recife, a movimentação era intensa na Estação Aeroporto. Algumas pessoas foram pegas de surpresa pela paralisação, enquanto outras sabiam, mas resolveram arriscar. O pedreiro Jessiano Pereira mora em Camaragibe, no Grande Recife, e andou até o metrô, saltando em Boa Viagem. "A gente tem que tentar trabalhar, obra não para. Jordão é perto, mas é puxado andar até lá. Achei que ia ter algum ônibus aqui", conta o pedreiro.
A diarista Maria do Carmo Viana admite que não sabia da paralisação. Com um princípio de gripe, ela passou a quinta (28) de cama, mas resolveu andar até o Terminal Integrado do Aeroporto para ir trabalhar. Foi pega de surpresa com a ausência do ônibus. "Como vou comprar remédio sem o dinheiro da faxina? A gente é que sofre com essas coisas", lamenta a diarista.
Já na Zona Norte, carros particulares estavam estacionados em frente ao Terminal da Macaxeira, oferecendo corridas para os passageiros por valores arbitrários. Na Avenida Norte, algums pessoas foram vistas se juntando para dividir táxis. Na Estação Central do Metrô, que recebe trens da Linha Centro em intervalo de 5 em 5 minutos e da Linha Sul de 8 em 8, os portões que levam ao local da integração estavam fechados no início da manhã. Quem desce na estação, tem que sair caminhando. Por volta das 6h, o Terminal da PE-15, em Olinda, estava praticamente sem passageiros.
Unicap sem aulas
Devido à paralisação desta sexta, a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) suspendeu as aulas no turno da manhã. As demais atividades estão mantidas. Até o fim da manhã, a Unicap vai divulgar posição sobre os turnos da tarde e noite, dependendo da situação do transporte público.
G1