A despeito das denúncias de corrupção que pesam contra ele, reveladas recentemente na delação premiada do ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), garante que permanece no governo e que não tem pretensão de deixar o posto para disputar a reeleição ao Senado ou outra candidatura nas eleições de 2018. Seu mandato de senador, do qual está licenciado, termina no próximo ano.
No fim de semana, circularam nos bastidores uma possível reforma ministerial engendrada por Temer, que pode mexer com a posição do PP – partido do ministro – na Esplanada dos Ministérios, e tirar Maggi da pasta da Agricultura. Nesse desenho, Helder Barbalho (PMDB-PA), trocaria o Ministério da Integração Nacional pela Secretaria de Governo, onde Antônio Imbassahy (PSDB-BA) já é visto como incapaz de unificar os votos de seu partido nas votações de projetos de interesse do Palácio do Planalto no Congresso.
E com isso, o PP ganharia a condição de indicar um parlamentar para a Integração. "Essa história é conversa fiada, não tem nada disso e eu não estou de saída do governo", disse Maggi ao Valor. "Conversei bastante com o presidente Temer e ele me garantiu que eu tenho carta branca para ficar no governo ou sair ano que vem para concorrer a alguma eleição, mas eu disse para ele que não devo me candidatar a nada e quero ficar no ministério até o fim de dezembro de 2018."
Segundo Maggi, o assunto foi tratado com Temer na viagem de cinco dias à China para participar do encontro anual dos países do Brics e para uma série de eventos empresariais. E que não há nenhum constrangimento em permanecer no governo. O ministro voltou nesta quarta-feira (6) a Brasília.
PROPINAS
Três dias antes de viajar, em 1º de setembro, vieram à tona detalhes da delação de Silval, segundo o qual Maggi teria pago, em 2014, propinas a Éder Moraes, ex-secretário de Fazenda em seu governo, no Mato Grosso (2003 a 2010), para que ele mudasse seu depoimento feito ao Ministério Público Estadual no âmbito da Operação Ararath, que apura esquema de lavagem de dinheiro por meio de empresas negociadoras de crédito naquele Estado. Silval também acusou Maggi de ter "comprado" conselheiros do Tribunal de Contas do Estado. Maggi negou tudo e disse que o ex-governador mentiu.