Exemplo a não ser seguido
O ex-governador diz que decidiu colaborar com a Justiça, após fazer uma reflexão “importante” sobre as coisas erradas que fez e que com isso ele sirva de exemplo para que outras pessoas não cometam os mesmos erros que ele. Silval diz ainda que não esta ali para condenar ninguém.
“Eu fiquei 17 meses sem receber visita de ninguém a não ser a família e advogados. Ninguém, absolutamente ninguém, nenhuma pessoa e isso me remeteu a uma reflexão importante, porque quando você está naquelas condições você tem 24 horas para pensar, refletir sobre as coisas erradas, certas, que você fez”.
“Estou muito confiante em Deus e na Justiça e em todos os órgãos que estão investigando todos os fatos apresentados. Eu fiz o compromisso com a verdade e espero que isso sirva de exemplo do que é que tem de podre nos bastidores da política. Eu participei e relatei desde 1998 quando cheguei ao Parlamento e que acontece até hoje, infelizmente”.
Silval fala que teve a chance de vivenciar isso tudo que enquanto ele estava preso. “Quando estive preso, estiveram também outras autoridades e a gente tem que acabar com isso. Infelizmente eu cedi quando assumi como governador assumindo compromissos que não deveria ter assumido. A partir daí você cria uma rede podre dentro do governo e vai cedendo. Quando descobrem que eu assumi compromisso que não tem como ser escondido, que você não faz sozinho, que depende de pessoas para arrumar dinheiro para pagar coisa ilegal, campanha ilegal, dívida ilegal, você forma uma rede, aí a Assembleia fica sabendo, Tribunal de Contas fica sabendo e acham que tem o direito de receber também e é aonde você vai cedendo e acontece o que acontecia e continua acontecendo”.
Sobre a participação de Blairro Maggi e José Riva
Segundo delação de Silval Barbosa à Procuradoria-Geral da República, aceita pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, um dos compromissos aceitos por Sival Barbosa ao assumir o governo foi pagar as dívidas do ex-governador Blairro Maggi (2004-2010). Confira depoimento na íntegra:
No que tange a estrutura e divisão de tarefas, é possivel identificar três nucleos nitidos: i) agentes politicos e servidores publicos a serviço destes; ii)operadores financeiros; e iii) empresarios responsaveis pelos "retornos" (pagamento de propinas) aos agentes publicos, custeados corn recursos publicos e beneficios fiscais concedidos de forma irregular.
Entre os agentes politicos, destaca-se a figura de BLAIRO BORGES MAGGI, o qual exercia incontestavelmente a função de liderança mais proeminente na organização criminosa, embora se possa afirmar que outros personagens tinham tambem sua parcela de comando no grupo, entre eles o proprio SILVAL BARBOSA e JOSE GERALDO RIVA.
Embora seja dificil estabelecer um marco temporal precio para o inicio das atividades do grupo criminoso, e fato que, desde a gestao de BLAIRO MAGGI no governo do Mato Grosso, a organização a orgnização já utilizava financiava-se corn recursos de operadores financeiros para atingir seus fins ilicitos. Na epoca, ja era corrente o pagamento de propina ao Poder Legislativo e ao Tribunal de Contas do Estado, de modo a garantir a harmonia no funcionarnento do ecossistema delitivo entranhado nas estruturas do Estado.
E mais. Um dos principais articuladores do esquema, EDER DE MORAES DIAS, atuava sob o comando de BLAIRO MAGGI. SILVAL DA CUNHA BARBOSA, sem embargo da extrema gravidade das condutas por ele praticadas, apenas deu continuidade ao esquema iniciado no governo de seu antecessor. Vale aqui destacar que, mesmo sob a gestao de SILVAL BARBOSA, a liderança e influencia de BLAIRO MAGGI era presente e se fazia valer.
COMPROU eleição em 2010 assumindo dívidas de MAGGI
Com efeito, uma das condções para que SILVAL DA CUNHA BARBOSA obtivesse o apoio de BLAIRO MAGGI e de seu grupo politico para concorrer a cadeira de Governador do Estado nas eleições de 2010 foi assumir as dîvidas deixadas por ele perante os operadores financeiros e arranjar meios para salda-Ias por intermedio dos diversos esquemas de corrupação e desvio de recursos narrados pelos colaboradores.
Dívidas do ex-governador Blairro Maggi eram no BIC BANCO
Segundo o colaborador GENIR MARTELLI a(. ..} BLAlRO MAGGl não questionou a nenhum dos presentes na reuniãoo que dívida seria essa perante o BlCBANCO, nem mesmo contestou ser responsável pela dívida; QUE BLAIRO já logo apontou MARCEL como a pessoa que poderia tratar disso (daquestao tributaria); QUE a reunião acabou com isso, pois entenderam (o declarante eseu irmao LUlZ) que essa postura de MARCEL, na frente de BLAlRO MAGGl, teria dado toda segurança que precisavam na epoca, pois caso não desse certo o declarante e seu irmao LUlZ iriam socorrer-se com BLAlRO MAGGl;(…)"-
Termode Declaração n°01- anexos1eIII
DECISÃO: Trata-se de pedido formulado pelo Procurador-Geral da República para homologação de acordos de colaboração premiada fumados com SILVAL DA CUNHA BARBOSA, ROSELI DE FÁTIMA MEIRA BARBOSA, SÍLVIO CEZAR CORREA ARAÚJO, RODRIGO DA CUNHA BARBOSA e ANTÔNIO DA CUNHA BARBOSA quanto a delitos investigados no âmbito da denominada "Operação Ararath".
O Procurador-Geral da República esclarece que o colaborador SILVAL DA CUNHA BARBOSA integrou a cúpula da administração do Estado do Mato Grosso no período compreendido entre 2007 e 2014, tendo exercido, sucessivamente, os cargos de Vice-Governador e Governador. Aduz que o mencionado colaborador, "investido dessa condição, praticou inúmeros crimes contra a administração e de lavagem de dinheiro".
Acrescenta, ainda, na inicial, que como SILVAL "menciona fatos típicos praticados por autoridades detentoras de prerrogativa de foro, dentre elas o Deputado Federal Ezequiel Fonseca, Deputado Federal Carlos Bezerra, o Senador da República José Aparecido Santos, o Senador da República Wellington Fagundes e o Ministro de Estado e Senador da República licenciado Blairo Borges Maggi, firmaram-se as atribuições do Procurador-Geral da República na espécie. "
Narra, ademais, que o colaborador SÍLVIO CEZAR CORREA ARAÚJO, entre 2007 e 2010, exerceu cargos públicos por designação do então Vice-Governador SILVAL e, entre 2010 e 2014, ocupou o cargo de Chefe de Gabinete do então Governador, praticando, investido dessa condição, "inúmeroscrimes contra a administração e lavagem de dinheiro".
processo DELAÇÃO:
PGR-NF-MPF-1.00.000.010999/2016-1
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