O Ministério Público Estadual (MPE) ofereceu, na última quarta-feira (16), denúncia contra 51 pessoas e sete deputados, entre eles Mauro Savi (DEM), preso desde o dia 9 de maio, quando foi alvo da Operação Bônus, que investiga o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que acontecia no Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Segundo as investigações, além de ser o “autor intelectual” dos crimes, o deputado ainda teria agido de forma sorrateira no esquema.
Segundo a denúncia oferecida, Savi não apenas usou seu poder político de deputado estadual para interferir nas ações do governo, mas também era o chefe do esquema de pagamento e recebimento de propina por parte dos envolvidos na organização criminosa, a qual o Ministério Público considerou “um organismo vivo” e “um clã sucedido”.
Savi integrava uma rede de proteção que viabilizava o recebimento de propina por parte dos membros da organização criminosa da qual faz parte. Ele ainda é apontado como um dos principais beneficiários dos esquemas.
“Extrai-se também dos autos que a atuação de MAURO LUIZ SAVI na organização criminosa se dá de forma sorrateira, vez que apresenta modus operandi específico em que se utiliza de pessoas interpostas para a execução de atos materiais necessários à operacionalização das atividades ilícitas da organização criminosa, detendo o pleno poder de mando e tendo suas ordens executadas por outras pessoas, mantendo, desta forma, sua concorrência para as práticas ilícitas encoberta”, diz trecho da denúncia.
O Ministério Público apontou que Savi também dava ordens diretas ao assessor Dauton Luiz Santos Vasconcellos para garantir a continuidade dos esquemas e recebimento de propina por membros da organização. Ainda, a investigação afirma que o assessor tinha autorização para negociar com outros integrantes do grupo em nome de Savi.
Na organização, Savi recebia propina de diversas formas, desde cheques a transferências bancárias. A destinação do valor também foi apontada em alguns períodos, como em 2010, quando o deputado recebeu R$750 mil de José Henrique e José Ferreira Gonçalves Neto. O montante em questão teria sido usado para pagamento de campanha, conforme havia sido combinado por ele e os demais envolvidos em uma reunião que aconteceu em seu gabinete na Assembleia Legislativa (ALMT).
A investigação ainda aponta que, entre 2009 e 2010, o deputado recebeu parte dos R$ 2,1 milhões repassados pelos empresários, por meio da Santos Treinamentos e Captação de Pessoal, para deixar de ‘exercer poder sobre o Detran’. Entre 2010 e 2011, também, Savi recebeu propina outras 15 vezes, pagas pela EIG Mercados Ltda, que assumiu os serviços no Detran em 2009.
Prisão
O deputado foi preso no dia 9 de maio, sendo um dos alvos da Operação Bônus, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), como desdobramento da Operação Bererê, que investiga o desvio de recursos no Detran.
No mesmo dia, também foram presos o ex-chefe da Casa Civil, Paulo Taques, o advogado Pedro Jorge Taques, e outros quatro empresários, também envolvidos no esquema.
A denúncia foi oferecida pelo Ministério Público nesta quarta-feira (16), contendo 486 páginas. No documento são denunciadas 58 pessoas, entre eles o ex-governador Silval Barbosa, seu ex-chefe de gabinete Silvio Cesar Corrêa, outros seis deputados estaduais e um ex-deputado federal.
Além de responderem por constituição de organização criminosa, aos denunciados foram imputados os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e fraude em licitação. Na denúncia, foram apresentados 37 fatos ocorridos entre os anos de 2009 a 2016.
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