Em grave crise financeira desde 2014, a administração da Santa Casa estuda cortar 20% da folha de pagamento para equilibrar seu orçamento. Cerca de 1,3 mil pessoas podem perder os seus empregos, como mostrou o Bom Dia São Paulo.
Os pacientes foram os primeiros a sentir os efeitos da crise financeira da Santa Casa, que chegou a interromper o atendimento dos setores de urgências e emergências por falta de materiais. Os funcionários estão com o décimo terceiro em atraso.
Em nota, a Santa Casa confirma que fará uma readequação do quadro de funcionários, mas que vai comunicar em primeira mão os funcionários sobre qualquer decisão.
Em reunião que aconteceu há duas semanas, administração sinalizou para os funcionários que o corte deve atingir principalmente quem trabalha no setor administrativo.
Dos cerca de 7 mil funcionários do hospital, pouco mais de 2 mil estão em funções administrativas.
“Todos os funcionários da Santa Casa ficaram bastante apreensivos com essa notícia. Mais que tudo, ficaram bastante angustiados”, afirmou Paulo de Azeredo Passos Candelaria, que era cirurgião da Santa Casa.
Um raio-x da folha de pagamento da Santa Casa, feito por uma auditoria contratada pelo governo do estado, mostra que 91% dos funcionários do hospital estão na faixa salarial mais baixa, de até R$ 5 mil. Segundo a auditoria, pesam nas despesas de pessoal os benefícios por tempo de casa, principalmente porque há empregados de décadas no hospital.
Dispensar tanta gente também traz custos pra uma instituição que já deve quase R$ 800 milhões.
Pelos cálculos da auditoria, só para demitir os 225 funcionários já aposentados e que continuam trabalhando a Santa Casa teria que gastar R$ 23 milhões.
Funcionários administrativos e médicos aguardam ansiosos uma definição. “A gente precisa de uma informação mais direta do nosso, da parte do governo também, porque, independente de qualquer situação, que a Santa Casa está passando hoje, não foi de ontem pra hoje”, afirmou o presidente da comissão de funcionários da Santa Casa, Dante Augusto Chella.
“Nós não podemos parar em levantar a credibilidade dessa instituição, que tem uma história por São Paulo e que hoje ela, que é a instituição que sempre prestou a misericórdia, hoje é ela que precisa da misericórdia nossa”, disse Rodrigo Contrera do Rio, que é infectologista da Santa Casa.
Nos últimos cinco anos, o hospital aumentou o quadro de funcionários em 22% e, mesmo assim, os empregados têm trabalhado mais. A despesa com hora extra aumentou 349 %, segundo o relatório da auditoria externa.
Fonte: G1